CAPÍTULO 49

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~ Antônio Zeebur ~

Antônio entrou em casa. As luzes estavam apagadas mas pode perceber um papel sobre a mesa da cozinha. “Tem comida na geladeira se estiver com fome. By: G.DLG.”, Gabriella deixou comida para eu. Que milagre, essa vaca não devorou a comida toda, pensou Antônio consigo mesmo rindo. Sua infância com a sua irmã foi definida por briga a respeito de divisão. Antônio jogou o papel na lixeira e foi para o quarto. Ao chegar dentro do cômodo fez o mínimo de barulho para não acordar sua irmã. Porém, para sua surpresa, ela não dormia, saiu do banheiro com fones de ouvido, a música estava muito alta.

— Hey! — Cumprimentou ela sentando na própria cama. Antônio bateu o dedo no interruptor e Gabriella deixou o celular de lado junto com os fones.

— Oi, Gabi.

— Me conta, como foi? Chegaram tarde. — Comentou Gabriella se apoiando nos cotovelos.

— Ele me levou a uma balada, e depois em um lugar para ver a cidade de cima. Foi legal, eu voltei ileso.

— Sem graça, achei que você voltaria com sangue em mãos. — Disse Gabriella e eles riram, mas baixo por causa do pai. — Ué, e essa jaqueta. Além de não combinar com seu look, você não saiu daqui com ela. Logo, não é sua.

— Ah, é do David. Esqueci de entregar. Amanhã eu levo pra ele. — Respondeu Antônio o tirando. Ele o colocou no cabide de roupas e fechou a janela. Um sereno fino começava a cair.

— Meio suspeito isso. Você saiu com ele e ele lhe ofereceu o casaco...

— Onde quer chegar? — Perguntou Antônio ligando seu celular ao carregador.

— Vocês estão juntos?

— Meu Deus, claro que não. Não faria isso com você, nunca. — Disse Antônio e Gabriella virou a cara para janela. Bem onde estava a jaqueta de David. — Não está achando que eu trouxe pra cá propositalmente só pra esfregar na sua cara, não, não é?

— É o que parece. — Respondeu ela pegando seu celular novamente.

— Você me disse que gosta dele. Eu não gosto dele, e até algumas horas eu o odiava. Está com ciúmes totalmente a toa. Nunca tentaria nada sabendo o que você sente. — Insistiu Antônio. Ele sentia que algo estava errado ali naquela casa. — Aconteceu alguma coisa quando eu estava fora?

— Não, nada. Você nunca sabe de nada. — Respondeu ela Irritada. Uma explicação para aquilo era sua TPM, ou estava apenas frustrada. — Você é quem tem as melhores notas, é o queridinho do papai, e é o orgulho da casa. E o que eu tenho? Nada! Você é sempre o alvo de tudo. Mesmo quando eu acho que vou ter atenção só pra mim quando você está longe, o papai fala sobre você e suas metas do futuro. Dizendo que eu preciso ter o mesmo tipo de meta, uma meta concreta. Eu odeio isso. Você sempre é o centro de tudo. E agora quer pegar o cara que eu gosto. Qual o próximo passo? Me assassinar e ser filho único?

— Para com isso Gabriella! Somos irmãos e o papai ama a gente do mesmo jeito, cada um do jeito que é. Eu não sou o centro de tudo, você me faz parece um monstro quando fala assim. Sabe quanta coisa eu abri mão desde que comecei a focar no meu futuro para você e o papai ficassem mais confortáveis? Sabe o quanto eu perdi pra você ser essa pessoa que é hoje? De muita coisa. As aulas de jiu-jitsu que eu queria fazer? Não pude, porquê você queria ser bailarina e não tínhamos dinheiro o suficiente para os dois, com uma semana você já era considerada a melhor bailarina de Ohio, mas desistiu de tudo por causa de um namoro tóxico. Com 11 anos, eu quis ganhar de aniversário um Bob Trom 3.000, o robô inteligente, mas abri mão... Sabe por que?

— Porquê... Eu queria uma casa dos sonhos da Barbie...

— Isso. Eu nunca fui a prioridade aqui, o papai e eu temos você como nosso propósito. Há um ano eu tento me dedicar mais a mim, e mesmo assim você não enxerga o que fizemos por você. Tem muitas, muitas, muitas coisas que o nosso pai deixou de lado por você. Lembra do piano de calda que tinha na nossa sala? Ele desistiu de tentar fazer músicas com ele porquê você achava vergonhoso e barulhento. Então por favor, não diga que o centro de tudo sou eu, Gabriella, porquê isso não é verdade. — Respondeu Antônio. Ele estava exausto. Ao invés de continuar aquele discurso, ele tirou sua roupa e vestiu seu pijama. Gabriella parecia irritada mas não disse nada. — Boa noite, Gabriella.

— Vá se foder. E cala essa boca, preciso acordar cedo amanhã.

— Vou levar isso como mais um: foi mal por ter surtado de novo sem motivo nenhum.

Até a Próxima!

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