Teorema de Greta

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Amo Vitiello

Definitivamente, eu estava no lugar errado. Subindo uma escada iluminada por spots no chão, a porta do camarim tinha uma pequena e elegante placa de metal descritiva. Abri a porta devagar, enfiando a cabeça pelo espaço e encontrando apenas algumas bailarinas já se preparando para sair. Dou um passo para o lado, tentando não chamar muita a atenção. Eu não deveria estar ali. Não mesmo. Mais minutos se passam e a música para. Pessoas com bolsas nos ombros saem, suas passadas leves e ligeiras. Deve ser algo típico de bailarinas. Um festival de beleza passa por mim ao sair, algumas me olham e sorriem. Tentador demais se eu não estivesse em uma missão de alta importância.

Como se invocada pelo pensamento, a bailarina de branco e cabelos escuros entra no camarim. Observo enquanto ela se senta em um banco distante e retira as delicadas sapatilhas dos pés cheio de esparadrapos. Apertando, torcendo e massageando-os a bailarina troca os calçados, colocando um tênis baixo e confortável. Pelo ângulo, ela não consegue me ver de onde estou e essa é a vantagem perfeita para observar cada detalhe dela. Seu corpo é mais delineado do que pude notar no auditório, cintura fina e pernas longas. Ela não é alta, mas muito bem distribuída. Seus seios redondos parecem ter o tamanho perfeito, naturais com certeza, e sua saia deixa muito para a imaginação, mas é quando subo o olhar e vejo o quão escuros seus olhos são que determino a missão como nível de urgência máxima. Eu precisava tê-la. Era isso. Apenas isso.

Olhos firmes e negros se olhavam no espelho enquanto ela retira alguns grampos do cabelo. Caindo em uma cascata escura por suas costas, eu podia jurar que uma brisa perfumada chegou até mim. Só podia estar delirando. Como se estivesse satisfeita por libertar seus cabelos daquela armadilha mortal que era seu coque apertado demais, a bailarina se levanta, virando-se de costas para mim e mexendo em uma bolsa. Era agora.

Com passos silenciosos que aprendi ao longo dos anos, me aproximo dela como se fosse uma presa fácil demais. E realmente era. Seu corpo não parecia notar a minha presença e abro a boca para dar meu xeque mate.

Porém, com uma velocidade calculada, a bailarina se vira, mirando um soco na minha garganta. Os segundos se transformam em milésimos. Muito rápido. Segurando seu punho com uma mão, olho em seus olhos negros. Não encontro uma única sombra de escuridão ali, não tinha a maldade ou deturpação que eu já havia presenciado em centenas de homens que investiram contra mim antes. Sua aparência era inocente demais, mas então de onde vinha esse movimento preciso? Com determinação, a bailarina me encara, sem medo. Viro a cabeça, tentando entendê-la. O que diabos acabou de acontecer aqui?

Sorrindo docemente, ela é a primeira a dizer algo em uma tentativa de me distrair e puxar sua mão do meu aperto. Não funciona.

- Você já pode me soltar - ela fala, mesmo sabendo que não irei.

- Por que você queria me dar um soco na garganta, docinho? Ainda nem abri a minha boca - pergunto, sorrindo de volta para ela.

Apesar da ameaça que com certeza viu ali, a bailarina exala uma calma estranha e assombrosa.

- Eu te vi sondando as meninas saírem e depois me encarar, sem nem ao menos piscar uma vez. Preciso me proteger - ela fala e me pergunto quando viu isso. Eu jurava que estava longe da visão dela. - Além de que você deveria esconder essa coisa antes de abordar uma mulher.

Com um gesto para baixo, acompanho seu olhar na direção a minha cintura. Que danadinha, de inocente só a cara. Mas então percebo que minha arma está a mostra e a ajeito, rapidamente.

Com esse movimento, a bailarina recupera seu punho de mim, dando um passo para trás. Ela me olha de cima a baixo e escolho colocar no rosto o sorriso mais inofensivo que tenho. Dois podem jogar esse jogo.

Avalanche | Amo & GretaTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon