Fortalezas secretas - Parte 1

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Greta Falcone

Não importa se somos fortes, traumas sempre deixam uma cicatriz. Eles nos seguem até as nossas casas, insistem em mudar as nossas vidas. Traumas derrubam a todos, mas talvez essa seja a razão, o propósito. Toda a dor, o medo, as angústias. Talvez viver isso é o que nos faz seguir adiante, é o que nos impulsiona. Talvez precisemos cair um pouco para levantar novamente. E enfim, mais fortalecidos.

Os olhos azuis de Aurora brilham com seu frenesi e dou mais um aperto firme em sua mão, transformando-me na âncora que ela precisar que eu seja. O trauma muda, transforma. Ele nos racha, porém não quebramos fácil. Somos Camorra. Somos família. Estamos aqui um pelos outros.

Agora sentada no sofá da biblioteca ao lado de minha amiga, noto quando Amo digita uma mensagem rápida antes de voltar sua atenção para a revelação que temos ali. Enquanto isso, Aria estende um copo com água para Aurora, que pega-o ainda agitada.

- Obrigada - ela murmura baixo antes de respirar fundo e me fitar. - Não estou louca. Eu sei o que ouvi.

Concordo com a cabeça prontamente. Aurora sempre foi de cometer algumas loucuras, mas sua real sanidade nunca esteve em xeque. Jamais.

- Eu acredito em você de olhos fechados, Rora - digo, esforçando-me a empurrar para baixo o mal estar que dançava na boca do meu estômago.

- Sabemos que os alvos dos Zetas são as filhas dos Capos - Amo diz entredentes. Ele está preocupado, assim como todos nós. - E não ainda parecem estar se cansando desse jogo doentio deles.

Sentada do meu outro lado, sinto um leve tremor passar pelo corpo de Marcella e se juntar ao meu. Os pecados de nossos pais estavam escurecendo o céu acima de nossas cabeças.

- Eles falharam - Aria fala, firme apesar do franzir entre suas sobrancelhas. - E serão parados antes de terem a chance de sequer tentarem novamente.

- Espero que esteja certa, mãe - Marcella diz e morde de nervoso a almofada do seu dedo polegar.

- Claro que estou. Já me viu errada alguma vez? - A mãe de Amo brinca, arrancando-lhe uma risada.

- Mãe, se você estava querendo alguma credibilidade com essa fala, sinto em te informar que não deu certo.

O pequeno momento de descontração consegue arrancar um leve sorriso de Aurora, espantando por um segundo o franzir constante de suas sobrancelhas. E me permito respirar aliviada. Focando em Amo, eu agradeço-lhe com olhar e sei que ele entende pelo seu breve assentir de cabeça pra mim.

No instante seguinte, a figura poderosa de meu pai cruza as portas da biblioteca e logo atrás dele aparece meu irmão, Luca, Maddox, Dante e Leonas.

Meu pai inspeciona a sala com seus observadores olhos negros e ele parece respirar aliviado quando me nota em segurança. Posso dizer que o mesmo acontece com Luca quando o Capo da Famiglia reconhece as mulheres de sua vida vivas e bem. Era como se as coisas pudessem mudar drasticamente a cada minuto que passava. E bem, elas realmente podiam.

- O segurança infiltrado que foi eliminado por Aurora deixou escapar a ela que a missão dele era levar a bailarina consigo - conta Amo, atualizando os demais.

A reação de Nevio é imediata. Meu irmão trinca seu maxilar com força o suficiente para doer, e eu sei que a dor lhe era bem vinda. Um lembrete para ficar em alerta. Era assim que Nevio funcionava.

- Os Zetas infiltraram soldados entre a equipe de segurança que contratei - meu pai diz, sua voz sombria. - Estão todos mortos, mas antes um deles abriu a boca.

Avalanche | Amo & GretaOnde histórias criam vida. Descubra agora