A queda

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Bônus: Massimo Falcone

O fogo estava alto e descontrolado contra a noite escura. Ao contrário da costumeira calmaria dos nossos dias na fazenda, há sons de tiros e xingamentos cortando o silêncio que não deveria ser perturbado. Um verdadeiro inferno sobre a terra.

A pequena mão de Beatrice estava suada contra a minha. E aperto-a, garantindo que ela permanecesse aqui ao meu lado. Era o mínimo de segurança que eu poderia garantia a ela. A nossa frente, um grupo limitado de homens correm com armas automáticas em punho. Era óbvio como os seus números serem muito maiores do que apenas nós dois. Com uma única arma como recurso. Rapidamente, consigo puxar Beatrice comigo para trás da proteção de um veículo agrícola e, em silêncio, esperamos aqueles homens seguirem o seu caminho atrás de presas maiores. Sinto os meus batimentos baterem desenfreados em meu peito, mas eu precisava manter a calma. Beatrice dependia de mim para sair daquela situação. Enquanto a minha vontade animalesca era de abrir caminho apenas com as balas que me sobravam, arrancando sangue de nossos inimigos, eu não poderia recorrer a algo tão impulso. Não agora, não enquanto eu tinha outra pessoa sob minha responsabilidade.

Olho ao redor e observo o campo de batalha que a fazenda de Maddox havia se tornado. Ao longe, o celeiro estava em chamas e me pergunto o que havia provado tal incêndio. Havia sido proposital? Pois se sim, foi uma boa ideia consideram que os Zetas estavam correndo em direção ao fogo e abrindo caminho para nós.

A escuridão da noite apenas tinha a função de dificultar uma fuga que por si só já é bastante complicada e algo me dizia de que Beatrice não sabia usar uma arma. Eu entendo que as famílias italianas mais tradicionalistas são contrárias a ideologias mais modernas, mas o direito de saber se defender poderia ser muito útil em casos como esses, onde nascer cercada pela máfia, uma mulher pode se tornar um algo fácil. Era muito mais racional ensina-las a se protegerem ao invés de sufoca-las com superproteção territorial. Mas nem sempre os seres humanos usavam a cabeça para raciocinar.

Não vendo outra saída senão fugir para longe dali, forço meus olhos e procuro por qualquer sinal de Santino e Ana, porém inutilmente. Eles estavam atrás de nós há pouco tempo, mas acabamos nos separando quando as bombas de gás foram lançadas pelos Zetas. Eu sabia que Greta estava a salvo com Adamo e Amo, além de confiar em suas habilidades. Havíamos sido treinados juntos, e apesar de cada um se identificar com um tipo de treinamento, Greta era altamente eficaz com sua mira certeira. Podia me preocupar não ter a certeza do paradeiro de minha prima, mas acreditava de que ela ficaria bem, ainda mais acompanhada de nosso experiente tio e do filho do Capo de Nova York, que havia sido preparado a vida toda para tal.

Portanto, decido acreditar nas altas chances de todos terem conseguido escapar dessa armadilha e ignoro as probabilidades negativas. A única coisa que eu tinha absoluta certeza nesse momento é de que Beatrice era de minha responsabilidade e eu faria de tudo para leva-la em segurança para casa.
Checo o pente da arma e xingo mentalmente, essas balas teriam que ser suficientes. Me viro para Beatrice e seus olhos claros estão arregalados, olhando para todos os lados como se procura uma boia de salvação. Não haveria. Teríamos que nadar até a praia. Eu

- Você está pronta? - digo enquanto Beatrice volta a sua atenção para mim. - Vamos precisar correr o máximo que nossos pulmões permitirem em direção a aquela floresta a noroeste.

Indicando com o dedo o nosso destino, vejo Beatrice semicerrar seus olhos e determinação toma conta de toda a sua expressão facial. Ela assente e continuo:

- Em 23 quilômetros iremos nos deparar com uma rodovia interestadual. Chegando lá, conseguiremos encontrar meios de sair dessa região.

E com isso quero dizer que pararei o primeiro carro que passar por nós, expulsarei o motorista e seguimos viagem no veículo roubado. Esse é o plano. Irá funcionar.

Avalanche | Amo & GretaWhere stories live. Discover now