Porta indiscreta

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Nevio Falcone

Não havia desculpas e nem perdões a serem concedidos. Pois assim que encontrei Sávio e Alessio, começamos a caçar os outros seguranças contratados e os jogamos nas celas no porão. Haviam cerca de mais quatro guardas e, com auxílio de mais alguns soldados realmente fiéis a Camorra, reunimos os ratos em questão de minutos e sem alarde. Eu não sabia se mais daqueles seguranças eram infiltrados, qual o real motivo de estarem ali e quem havia dado a ordem de apontarem uma maldita arma contra Greta e Aurora. Mas haveria um tempo para perguntas e interrogatórios, porém não seria agora. Apesar de achar a calmaria incrivelmente entediante, toda a confusão que eu pudesse evitar com todas aquelas bombas relógios embaixo do mesmo teto, eu evitaria.

Com os homens presos e alguns soldados de confiança da Camorra guardando suas celas, volto para a área comum e um cheiro incrível enche minhas narinas. Claro que quando chego a cozinha encontro Kiara fazendo algum prato espalhafatoso. Minha tia costuma ser bastante calma e concentrada, porém a pequena bagunça ao seu redor me dizia que ela estava um pouco mais tensa do que de costume.

- Algum animal morreu aqui? - pergunto brincando, apontando o molho de tomate derramado em cima do balcão de mármore.

Kiara arregala os olhos e segue o meu dedo, confusão tomando conta de sua expressão. Ela não suportava a ideia de comer algum ser vivo quanto de mais matar um.

- Ah isso é obra de Leona. Ela passou para me ajudar com o almoço, mas precisou correr por causa da emergência com Aurora - ela suspira e limpa rapidamente antes de se virar pra mim. Sua voz soa preocupada. - Ela está bem?

Me encosto no balcão e olho para a panela borbulhando no fogo.

- Fisicamente, sim. Psicologicamente, irá ficar - me limito a dizer e minha tia entende, assentindo. Ela decide mudar de assunto.

- Você sabe se eles vão ficar todos para o almoço?

Sorrio, percebendo a razão para o leve descontrole de Kiara. Ela sempre queria cuidar para que todos estivessem cuidados e felizes e isso incluía também bem alimentados. Balanço a cabeça.

- Não sei, na verdade. Só espero que caiam fora o quanto antes - falo e Greta surge caminhando em minha direção.

Seu rosto está iluminado, seus olhos escuros brilham e um sorriso hesitante brinca em seus lábios. Ela anda calmamente por fora, mas conhecendo minha irmã, percebo que seus passos estão mais ansiosos do que quando a deixei antes de ir à caça.

Franzo a testa e ela sorri abertamente, piscando seus cílios como sempre faz quando quer algo de alguém.

- O que foi? - pergunto, já esperando.

- Nada - ela diz, sua voz soando doce e inocente demais. - É só que o Amo está aqui.

Cruzo os braços sobre o peito, fechando o rosto e encarando-a.

- Eu já sei disso. Pontos para ele pela coragem estúpida. Grande merda.

Parecendo frustrada, Greta pula de um pé para o outro. Quão delicada ela pareceria se não fosse uma manipuladora de mão cheia. Algo minha irmã queria.

- Bem, ele poderia ficar para o almoço - ela sugere e a esperança em sua voz é uma pedra contra o meu coração. Maldita gêmea!

- Ele pode ir comer no inferno, eu não ligo. Não o quero perto de você.

Greta lança um olhar para Kiara e as duas me encaram, como se eu sucumbisse fácil a pressão assim. Levanto uma sobrancelha, já irritado.

- O que você quer que eu faça, Greta?

Avalanche | Amo & GretaWhere stories live. Discover now