Tempo

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Greta Falcone

São os segundos que importam. Tudo pode mudar em questão de segundos. Em um você está bem e no próximo já não está. O ato de respirar é fácil, até não ser mais.

Tomo um segundo para olhar ao redor da sala do pânico. Aquele era um lugar projetado para nos manter seguros, mas preciso me lembrar de não entrar em desespero quando penso nas pessoas que estão em perigo fora daqui. Ao meu lado no sofá, Carlotta e Aurora mantém um aperto forte em uma das minhas mãos cada e sei o quanto aquela situação era horrível. Ainda mais para Lotta e me preocupo com seu coração frágil. Aquilo era emoção demais para qualquer um ali, ainda mais para ela e sua condição de saúde.

Desde que nasceu, minha irmã possui uma rara que deixa seu coração mais fraco. Ela já passou por uma delicada cirurgia quando mais nova e toma seus medicamentos regularmente, mas todo o cuidado era importante.

Aperto as mãos das meninas e elas viram seus rostos pra mim.

- Vai ficar tudo bem - Lotta diz. Seus olhos verdes piscando otimistas.

- Claro que vai. Se os homens não derem conta e precisarem de reforços, nós mesmas saímos e resolvemos a situação - Aurora fala, confiante como sempre.

Ela olha para a parede a nossa frente, onde uma prateleira gigante estava cheia de armas e facas de todos os tamanhos. Sim, poderíamos sair e ajudar, mas apenas em último caso. Agora não era um bom momento para distraí-los e tomar decisões precipitadas, não enquanto qualquer segundo de distração podia custar a vida de algum deles. A vida que os homens da nossa família estavam dispostos a sacrificar por nós sem pensar duas vezes. Aurora falava sério, mas pelo seu tom de voz eu sabia que estava com medo também, apesar de não demonstrar.

Balanço com a cabeça e sorrio levemente, apertando os lábios.

- Você está preocupada com Amo não é? Sei como a sensação. Alessio está lá fora também - Lotta sussurra, franzindo a testa. - Mas temos que acreditar de que voltarão bem.

- Vivos e inteiros - murmuro e ela assente.

- Vivos e inteiros - Aurora e Lotta dizem baixinho ao mesmo tempo e esse se torna nosso mantra.

Os segundos viram minutos intermináveis e após mais algum tempo doloroso, mamãe ocupa o lugar ao meu lado enquanto minhas amigas se levantam, nos dando alguma privacidade.

Os olhos azuis de minha mãe me encaram atentos, buscando qualquer sinal que demonstrasse que eu precisaria do seu amparo. E como sempre, estava certa.

- Já avisou o papai do que está acontecendo? - pergunto, dividida entre querer que meu pai e Nevio, tio Nino e Massimo voltem logo pra casa e também entre querer que eles fiquem longe em segurança.

- Não. Seu pai mandou uma mensagem que já haviam embarcado pouco antes da bomba estourar. São no mínimo 2 horas de Chicago até aqui e ele não poderá fazer muito de dentro do avião a não ser ficar ansioso e preocupar os outros. Em breve estarão de volta e espero que até lá a situação já esteja contida - ela suspira e percebo que seu dilema é o mesmo que o meu.

Concordo porque conhecendo papai e Nevio, eles ficariam loucos pensando em tudo o que está acontecendo aqui e não podendo fazer nada além de telefonemas. Era melhor aguardar.

- Conversei com Amo mais cedo - minha mãe diz e percebo logo sua intenção de mudar de assunto. Me deixo levar.

- E como foi? Você também quer assassina-lo? - pergunto, dando de ombros.

Minha mãe semicerra os olhos pra mim, humor brilhando ali.

- Por incrível que pareça, simpatizei com ele. Está um pouco confuso sobre algumas coisas, mas me pareceu ser um rapaz decente dentro do possível.

Avalanche | Amo & GretaOnde histórias criam vida. Descubra agora