Rotas traçadas

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Amo Vitiello

Eu facilmente pularia o jantar hoje pois precisava urgentemente colocar meus pensamentos frenéticos em ordem e administrar o que estava sentindo, mas o dia ainda não tinha acabado.

Ao descer as escadas, encontro tia Liliana e minha mãe andando até a sala de jantar com travessas fumegantes nas mãos, parece que teríamos mais pessoas para jantar hoje. Ao me ver, tia Lily sorri pra mim, mas minha mãe franze a testa, vendo algo em meu rosto. Preocupada, ela se aproxima estudando meus olhos com cuidado.

- Você está tudo bem? - ela pergunta e só posso assentir.

- Tudo sob controle - afirmo porém minha mãe balança a cabeça.

- Não foi bem isso que perguntei, querido - ela diz e olha para a direita, na direção de onde seu esposo está conversando com Romero. - Seu pai desceu com o mesmo brilho nos olhos, mas ainda não tive tempo de perguntar a ele o que houve. Vocês se desentenderam de novo?

Havia dor na voz de minha mãe ao levantar essa questão e me doía ver o quanto a machucava quando meu pai e eu tínhamos algum conflito. Encarando seus olhos azuis, dou de ombros calmamente.

- Não sei muito bem o que aconteceu lá em cima agora há pouco, mas acho que estamos começando a nos entender de novo - digo.

Uma onda de alívio automaticamente toma conta do semblante de minha mãe e só posso pensar o quanto isso me deixa aliviado também. Quando saíamos para resolver qualquer assunto da máfia, o maior propósito de meu pai e eu é voltarmos para casa em segurança para ver o rosto de mamãe aliviado ao nos receber inteiros e vivos. E sei que nada a deixaria mais feliz do que uma reconciliação genuína. Merda, nada me deixaria mais feliz também.

Com um aperto no meu braço, minha mãe segue tia Liliana até a mesa e, em seguida, anuncia a todos que o jantar já está servido.

Aos poucos, cada um se senta no seu lugar de sempre na mesa. Conversas fluem para todos os lados e em cada grupo diferente. Há um motivo para o maior bem de uma pessoa ser a sua família e o significado estava bem aqui, quando estamos reunidos. Faltava apenas Marcella. Observo ao redor.

Antes de ocupar a cabeceira da mesa, meu pai se inclina, depositando um beijo em minha mãe, que sorri apaixonadamente pra ele. Desde que consigo me recordar, meu pai é todo carinho e proteção com minha mãe quando estamos em família. É uma visão inspiradora de futuro. Ele já matou, torturou e entrou em guerras por ela e sei que faria tudo de novo sem piscar duas vezes.

Mais ao meio da mesa, tia Gianna se serve uma taça de vinho, esticando o gesto para o marido que a olha intensamente, como se não houvesse mais ninguém ali. A história dos dois não começou bem, como era de conhecimento de todos. Tio Matteo precisou passar meses caçando a noiva fugitiva pela Europa toda. Mas, ao que parece, isso serviu apenas para criar um peculiar e profundo vínculo entre eles, pois mesmo Gianna fugindo dele, Matteo a defendeu de todos que ousassem difama-la e ainda assim a tomou como esposa. De inimigos a amantes, é como dizem né?

Agora, porém, quem observa os pacíficos Liliana e Romero nunca pensaria que o homem havia entrado em guerra com outra máfia por ela, onde o recém esposo de minha tia acabou morto no final. Mas a história era muito mais profunda que isso e, por ter ouvido esse e outros relatos, eu sempre detestei casamentos arranjados. Eram úteis para conexões políticas? Com certeza eram. Podiam acabar dando certo? Claro que sim, meus pais eram prova disso. Mas a chance de mulheres acabarem nos lençóis de bastardos cruéis eram enormes e eu odiava isso. Esse poderia ter sido o destino de tia Liliana se Romero não intercedesse por ela.

Arrancando-me de meus pensamentos, ouço Isabella coçar a garganta e falar.

- Já que todos estão aqui, se minha opinião servir de alguma coisa, preciso dizer que não quero me casar com Guilhermo Collalto - ela diz e observo tia Gianna virar a cabeça para a filha, chocada.

Avalanche | Amo & GretaHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin