O dia do sim

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Greta Falcone

Tudo o que é para ser seu, encontra um jeito de voltar para você no final das contas, essa é uma das mais verdades que já ouvi. Depois de tantas idas e vindas em situações e circunstâncias que foram feitas para separar corações que anseiam um pelo outro, de alguma forma sobrenatural Amo e eu conseguimos encontrar uma maneira e agora esse caminho seria traçado novamente, até o altar dessa vez.

Eu tinha muitas certezas na minha vida desde sempre. O amor de meus pais, saber que meu irmão sempre estará ao meu lado não importa o que, a escuridão que nunca deixará de me assombrar. Porém agora, uma outra certeza ainda mais doce me cercava: Amo.

- Estou enjoada, acho que vou vomitar - digo nervosa, agitando ambas as mãos e procurando uma saída dali.

Aquele era o dia mais feliz da minha vida, todos diziam isso inclusive os livros de romance que li inesgotavelmente por anos a fio como um alívio pra mim de toda a sombra de terror subtendido que a Camorra trazia. Porém, a real sensação que viver esse dia carregava não havia sido descrita de forma muito fiel em nenhum dos livros que eu lera tão apaixonadamente. O grande dia do meu casamento era repleto de certezas, do sentimento mais puro e eufórico que eu já tinha experimentado, além das muitas expectativas em relação a todo o momento que estava por vir e isso me deixava em uma constante montanha russa de emoções. Entretanto, junto com esse leque de possibilidades, também tomavam conta do meu coração algumas sombras insistentes e perseverantes que exigiam em me fazer questionar o próximo passo. Eu realmente iria deixar a minha família e o lugar que chamava de lar para me aventurar em uma casa que não conhecia? Como seria a adaptação? Os outros Vitiello seriam tão gentis comigo como Amo era? E minha família, como ficariam Nevio, mamãe e papai com a minha ausência? Perguntas demais, pensamentos excessivos e dúvidas inquietantes. Mas a mais cruel era: Amo e eu seremos sempre tudo um para o outro como somos agora? Esse era o meu maior medo. Eu só tinha bons exemplos de cumplicidade e parceria dentro de casa, porém as tradições da Famiglia eram diferentes das nossas. O que me esperava?

Me acordando do meu devaneio, Aurora tosse e apoia a taça que bebia em cima da mesa de centro. Minha amiga põe a mão sobre o coração me encarando do outro lado do quarto do hotel.

- Meu Deus Greta - ela exclama. - Você está grávida?

- O que? Greta está grávida? - Carlotta pergunta agitada, largando seu celular esquecido sobre o sofá azul royal. Ela se levanta apressadamente e se dirige até mim porém a porta do quarto já havia sido aberta e minha mãe aparece branca como um papel.

- Quem está grávida? - ela arregala os olhos e os foca sobre mim, buscando qualquer sinal de uma presença adicional.

Balanço a cabeça.

- Eu não estou grávida, pelo amor de Deus. Amo e eu ainda não... vocês sabem. Apenas estou muito ansiosa. Nunca me senti assim.

Soltando um alto suspiro de alívio, minha mãe se senta na baixada da cama do hotel. Ela já está praticamente pronta. Seus longos cabelos loiros possuem cachos dourados envoltos em uma meia trança ao redor da cabeça, deixando o restante solto. Seu vestido rose é fluido e leve, não deixando a elegância de lado. E por fim, observo seus olhos me estudarem, solidários dessa vez.

- Claro que não, você nunca se casou antes - Aurora brinca e o clima se torna mais tranquilo automaticamente.

- Você vai ser a noiva mais linda que Nova York já viu - Carlotta fala, terminando de calçar as suas sandálias de salto fino.

Ela sorri para mim e me abraça, fazendo algumas lágrimas intrusas quererem participar da conversa.

- Nunca se esqueça de que te amamos primeiro - Lotta ri e aperta a minha mão. - Seja feliz, minha amiga. Nos vemos na igreja.

Avalanche | Amo & GretaOnde histórias criam vida. Descubra agora