Ruína

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Greta Falcone

Se alguém me dissesse há alguns meses que eu estaria saindo escondida de casa na calada da noite para me encontrar com alguém, eu riria achando que era uma piada totalmente absurda. De nós dois, o gêmeo que se metia em problemas sempre foi Nevio e eu era apenas a irmã comportada e previsível. Essa era uma situação que não acontecia comigo, porém desde que conheci Amo minhas atitudes se tornaram, no mínimo, mais corajosas e insensatas.

Após seu telefonema, troco de roupa correndo, dando o meu melhor para ficar bonita mas não arrumada demais. Após ficar satisfeita com o resultado, coloco em prática todos os anos de ballet e dou passos incrivelmente silenciosos pelo corredor do segundo andar, descendo as escadas em seguida.

Para um domingo, a casa está assombrosamente silenciosa e as luzes permaneciam apagadas enquanto deslizo pelo chão. Eu precisava aproveitar que amanhã não teria treino para a peça, pois a sra. Banks precisou viajar urgentemente, portanto era a oportunidade que tinha hoje. Do outro lado, posso ver uma faixa de luz passar por debaixo da porta do escritório de papai, mas não escuto nenhum barulho ecoar lá de dentro. Meu coração gela.

Com o meu itinerário já traçado, me dirijo até as portas duplas que dão para os jardins e as abro o mais silenciosa possível. Essa é a única saída para a área externa que não possui tranca eletrônica. Qualquer lugar que eu digitar um código, irá indicar no sistema de segurança da casa então melhor não arriscar.

Meu celular vibra quando uma mensagem de Amo aparece dizendo que já havia chego. Meu coração salta no peito e é como se uma família de borboletas habitasse em meu estômago. Uma pequena parte de mim me dizia para ignorar sua mensagem e voltar para a segurança do meu quarto, porém a vontade de me encontrar com Amo não me deixou voltar atrás.

Atravesso o jardim e passo pela piscina principal, me encaminhando para uma parte mais isolada da área externa onde uma porta está situada atrás da cortina de vegetação que o enorme pergolado sustenta. Essa porta foi instalada há alguns anos atrás quando Nevio, Alessio e Massimo mais novos inventaram de levar prostitutas para a casa da piscina onde eles faziam suas festinhas particulares já que não era permitido esse tipo de diversão dentro da mansão. Por ali, eles entravam com duas companhias duvidosas e saíam sem chamar a atenção. O sistema de codificação é obsoleto com uma senha que não está vinculada ao sistema de segurança principal.

Digito o código e abro a porta, sentindo que estou cometendo algo semelhante a um crime, algo ilegal e imoral. A sensação era perigosa e prazerosa ao mesmo tempo.

Imergindo pelos enormes e altos muros que cercam a mansão, saio para a rua fechando a porta atrás de mim. Graças a uma tecnologia que eu desconheço, não se pode ver a porta do lado de fora ou talvez seja meu nervosismo dificultando meu julgamento. De qualquer forma, o muro parece intacto e respiro fundo, dando a volta pela lateral da propriedade. Não seria muito mais fácil os rapazes encontrarem outro lugar para confraternizarem com suas amigas do que virem até aqui para isso? Não entendo a mente masculina, realmente não fazia muito sentido. Mas me pego sento grata pela saída de emergência.

Quando alcanço a rua, me dou conta de que mesmo aqui os soldados de papai poderiam me notar saindo, mas rezo para que seja esse um momento de distração deles. Noto mais à frente uma Mercedes preta estacionada com os faróis apagados e consigo identificar a enorme figura de Amo atrás do volante. Respiro fundo e ando rapidamente até lá, abrindo a porta do carro e deslizando para o banco do passageiro.

Me afundo no banco de couro e o interior do carro está aquecido quando me viro para Amo que tem uma sobrancelha levantada pra mim. Seus olhos azuis conseguem ser intensos mesmo no escuro e me pergunto se o calor ali era do aquecedor ou estava vindo do homem a minha frente.

Avalanche | Amo & GretaWhere stories live. Discover now