O dia do não

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Amo Vitiello

Como se precisasse de um minuto para absorver, meu pai pisca duas vezes antes de se manifestar.

- Esse pode não ser o melhor momento, filho - ele diz e levanta as sobrancelhas.

Dou de ombros, nunca é o melhor momento e é isso que respondo a ele. Meu pai balança a cabeça e caminha de um lado para o outro pela cobertura do hotel. Ontem havíamos comparecido ao funeral de Adamo e toda a família Falcone estava fragilizada demais para que eu colocasse o meu plano em pratica. E por respeito a todos, me mantive quieto. Porém, depois de toda a merda pela qual passamos, eu não poderia esperar mais nenhum segundo para oficializar o que já era de conhecimento de muitos. Eu queria fazer as coisas da forma correta com Greta, ela merecia ser tratada como uma rainha e assim eu o faria. Começando, logicamente, por trazer-la para o meu reino. Eu já tinha o seu quase sim, e nada me faria mais feliz do que ouvi-lo fora de uma cama de hospital dessa vez, mas esse nosso compromisso dependia de mais um sim que não era de Greta e enfrentar Remo Falcone estava no topo da minha lista de afazeres de hoje. Eu não iria embora com um não como resposta.

- O que te garante que Greta aceitará o seu pedido?

Franzo a testa, não deixando escapar uma respiração de deboche.

- Pai... Ela já aceitou.

Os olhos cinzentos de meu pai se arregalam e ele parece confuso por um segundo.

- Ah é mesmo?

- Quando eu estava no hospital, acabei a pedindo em casamento e ela meio que aceitou. Então agora eu só preciso que Remo concorde. Já vou avisar a mamãe para ir começando com os preparativos.

Me fuzilando, Luca balança a cabeça.

- Confiante demais - ele diz em tom de censura. - Remo pode te chutar pra fora assim que você começar a abrir essa sua boca grande. Greta pode ter se dado conta de que gosta mais do clima de Las Vegas e então mudou de ideia. Ou quem sabe, no caminho até a mansão Falcone você crie juízo e se lembre do por que isso tem tudo pra dar errado.

- Sem chance no inferno! - respondo, me levantando da poltrona. - Pensei que você gostasse da Greta. Por que essa implicância agora?

Meu pai faz uma pausa. Ele respira alto e olha pra mim.

- Não é implicância com a garota. Greta é forte, destemida, será uma ótima Vitiello. Eu só quero me assegurar de que você tem certeza do que está decidindo agora. Não tem volta, Amo. Casamento é um compromisso para a vida toda. Será seu dever cuidar e proteger a família que vocês dois formarão juntos. Ter uma esposa é um laço para todo o sempre e ela será a mulher que caminhará com você durante a escuridão e amanhecerá ao seu lado quando o sol nascer. Você não pode fugir disso. Entende o que quero dizer?

- Durante anos, dentro de casa eu presencio como ter o amor de uma boa mulher pode transformar um homem todos os dias. Para melhor. Independente do mundo lá fora ou de qualquer caos interior. Eu quero isso pra mim também, pai. Mas só quero se for com a Greta.

Refletindo, meu pai se afasta alguns metros e pega seus óculos escuros sobre a mesa de centro.

- Então vamos lá acabar logo com isso.

Não ouço mais nada, pois imediatamente atravesso a porta para fora desse hotel.

...

- Você é o filho da puta mais louco que já nasceu nessa família - tio Matteo comenta, quando estacionamos em frente ao portão da mansão Falcone. - Daqui a 20 anos quando comentarem sobre o Vitiello mais idiota, com certeza citação o seu nome. Pedir a mão da filha de Remo Falcone depois de tudo pelo que passamos. Meu sobrinho... Quem te ensinou a ser assim? A gostar das mulheres mais difíceis de serem alcançadas?

Avalanche | Amo & GretaWhere stories live. Discover now