Noites quentes

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Amo Vitiello

Deixar Greta de pé sozinha naquele corredor me deu uma sensação ruim no peito e penso nisso enquanto saio para o estacionamento escuro.

O pouco álcool que ainda fluía em meu sangue nada tinha a ver com a vontade louca que eu tinha de voltar lá pra dentro, pegá-la em meus braços e levá-la pra casa comigo. Droga, eu voaria para Las Vegas hoje mesmo só para convencer seu pai de que eu não sou um idiota completo e, apesar de não merecer Greta, eu a queria pra mim. Mas o resto de sensatez que ainda tinha, me fez pensar duas vezes. Talvez isso não causasse uma boa primeira impressão.

Caminho lentamente em direção ao meu carro quando vejo ao longe um homem parado do lado de fora um sedan preto, conversando no telefone. Mudo meu destino.

Fabiano não negava o gene Scuderi em seu DNA. Sua semelhança com minha mãe era enorme, desde dos cabelos loiros ao olhos claros. A história é apenas uma só: o filho de Rocco Scuderi cortou relações com as irmãs quando se tornou o Executor da temida Camorra. Não havia como ele ser o mesmo garotinho que suas irmãs se lembravam quando saíram de casa cedo para se casar na Famiglia, mas nada justificava o total desinteresse e frieza com que ele tratava a minha mãe e minhas tias. Eu sabia que elas ainda pensavam nele com carinho, pois já havia ouvido algumas de suas conversas sobre isso, mas no meio da saudade agora havia tristeza e mágoa.

- Tem certeza de que está tudo bem com a sua mãe? O que o médico disse? - Fabiano pergunta a pessoa do outro lado da linha e logo tem a resposta. - Ok, cuide dela, Aurora. Logo estarei aí e...

Sua frase fica pela metade e Fabiano interrompe a fala quando me vê se aproximando.

- Preciso desligar - ele diz e faz uma pausa. - Eu também. Tchau.

O olhar mortal que Fabiano me lança já fez homens temerem por suas vidas, eu sei. Mas em mim não causa efeito nenhum.

- Olá tio - digo, colocando um sorriso sarcástico no rosto.

Vejo Fabiano alternar o olhar entre mim e o Wallmart as minhas costas, já pensando em Greta desprotegida dentro do lugar. Eu ficaria furioso se não soubesse que ela aparentemente sabe se proteger tão bem quanto eu mesmo. Mas ainda assim, não é seguro.

- O filho de Aria - ele responde e levanto uma sobrancelha. - Amo.

Concordo com a cabeça uma vez antes de parar alguns metros de distância dele.

- Você é mais baixo do que nas fotos - Fabiano fala, cruzando os braços e acho graça. Meus 1,96 de altura é considerado baixo pra ele?

- Eu entendo, as fotos enganam mesmo. Pensei que você era mais jovem e conservado pra sua idade - digo, dando de ombros.

Com um semicerrar de olhos, Fabiano ri com uma carranca.

- Você é engraçado garoto - ele diz e balança a cabeça. - Foi bom te ver.

Ele passa por mim e caminha lentamente até o mercado, parecendo relaxado, mas nós dois sabemos que isso não passa de é uma mentira de merda.

- Tenho um recado do meu Capo para o seu - falo e Fabiano para, se virando para me olhar.

- Claro que esse encontro não seria a porra de uma coincidência amigável, não é? - ele resmunga e pergunta em seguida: - O que vocês querem?

- Sabemos das cargas roubadas em Las Vegas - digo.

Observo enquanto seu maxilar se fecha e seus ombros parecem mais tensos. Continuo.

- Esse ataque não feito exclusivamente contra vocês. Meu pai tem uma proposta para fazer a Remo - falo e vejo um leve tremor no canto da boca de Fabiano.

Avalanche | Amo & GretaOnde histórias criam vida. Descubra agora