07 [ris•pi•dez] (!)

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[caráter ou qualidade do que é ríspido; aspereza; severidade no comportamento, nas atitudes; rigidez.]

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CHARLOTTE

Essas duas semanas foram... frustrantes.

Desde a noite que Harry deixou meu apartamento, eu pensei que o curso da minha vida seguiria o mesmo, mas eu estava errada de uma forma que me deixou acordada durante a noite, pensando sobre isso.

Quatro dias depois da nossa transa, eu o vi flertando com uma loirinha bonita e era claro que ela estava doidinha pra cair de boca nele. Eu não me importei e ainda não me importo, na verdade foi um alívio ver que ele estava seguindo em frente sem me dar nenhuma dor de cabeça. A última coisa que eu quero é magoar alguém só porque eu não quero um relacionamento. Ele continuou tocando no Poison Ivy e o bar tem estado cada vez mais cheio, o que é maravilhoso.

No sexto dia, numa noite em que Harry não tocou no bar, eu conheci um cara no balcão. Ele era engraçado e bonito, me despertou interesse depois de algumas palavras trocadas e nós começamos a conversar mais, enquanto eu trabalhava. Eu percebi que ele estava interessado e ele também percebeu o mesmo vindo de mim, mas, sei lá, acho que isso virou uma chave na cabeça dele e o cara começou a agir como um arrogante presunçoso em questão de minutos. O papo ficou automaticamente desinteressante quando ele começou a se mostrar um babaca e eu tratei de me afastar, mas fiz isso respeitosamente. Ele, entretanto, não se importou em ficar muito ofendido com a minha recusa e começou a me dizer um monte de asneiras.

"Então você é daquelas mal amadas que fica provocando por provocar e na hora H, sai correndo!? Patético." Ele teve a audácia de dizer pra mim. E, novamente, não é novidade que um homem tenha se ofendido ao ouvir um simples 'não' de uma mulher, mas ainda incomoda bastante.

Ele me fez sentir como se eu tivesse me atirado pra cima dele, sem o mínimo autorrespeito e dignidade. Eu odeio quando um homem faz isso. Ele me fez sentir – por um momento – que eu estar aproveitando a minha solteirice é algo errado; como se flertar por aí fosse um crime. Foi por um breve momento, mas doeu, porque eu realmente passei muito tempo da minha vida achando que aproveitar coisas assim e a minha liberdade fosse algo a ser condenável, só porque eu sou mulher. A sociedade espera coisas de nós as quais eu nunca estive afim de seguir e eu paguei o preço, principalmente dentro do meu círculo familiar, da repreensão por querer quebrar tais expectativas.

Ainda apontam o dedo pra mim e me acusam de algo que não é errado, como se fosse errado. Eu só quero viver, contudo. Só viver nos meus próprios meios. Eu já perdi muito tempo da minha vida me reprimindo e fazendo o que queriam, o que achavam certo para mim, ao invés de ouvir a mim mesma. Me chame de simplória, me chame de patética, mas eu não estou afim de voltar a baixar a cabeça e se eu tiver que irritar algumas pessoas só porque meu estilo não é "convencional", que se foda.

Depois dessa noite com o babaca acusador, eu fiquei pensando em Harry e em como foi fácil estar com ele. Comecei a pensar no porquê não poderia ser assim tão fácil com os outros caras também. Harry se sentou no balcão do meu bar, bebeu, flertou comigo, eu flertei de volta e pronto, nós fodemos. Simples assim. E ele foi bom na cama e, mesmo depois do estranhamento após acordar no meu colchão, tudo fluiu. Comecei a perceber que quebrei minha regra por ele na noite seguinte a nossa primeira, porque foi assim tão fácil com ele. E porque ele é atraente da cabeça aos pés, não foi uma sessão de tortura e sim, mais uma noite de orgasmos e casualidade.

𝗙𝗲𝘁𝗶𝘀𝗵 • H.S.Where stories live. Discover now