23 [dra•ma•ti•za•ção] (!)

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[ato ou efeito de adaptar algo à forma dramática; para a psicologia, é a transformação de desejos reprimidos em símbolos.]

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N/A: Oi. Esse capítulo em especial conta com uma dinâmica diferente. O que estiver escrito em itálico é referente a dramatização, a fonte comum é referente a vida real. Entenderam? Prontxs? Vamos lá ;)



CHARLOTTE

Estou atrasada, mas mesmo assim entro no banheiro feminino e tiro da minha bolsa o meu plano para hoje.

Já fazem quatro meses inteiros que estou trabalhando no meu último projeto para a conclusão da graduação e não está sendo nada fácil. No início era pior, pois eu cuidava de todos os detalhes sozinha, mas tive a sorte grande de conseguir ajuda de um professor através de uma lista de inscrições, a qual eu tive que correr para preencher e pegar uma vaga.

Não é como se a universidade não oferecesse ajuda para todos os alunos. Normalmente, eles montam grupos e esses grupos recebem a supervisão e o auxílio de um docente. Todos tem esse direito. Acontece que eu não queria ser auxiliada no meio de um grupo de vários alunos, tendo de lutar para conseguir ser ouvida por um professor que tem de ouvir muitos ao mesmo tempo. Portanto, quando fiquei sabendo que um docente em questão abriria alguns horários em sua agenda para atender individualmente alguns de nós, eu não pude ficar mais contente.

Eu não tenho aulas com ele, não o conhecia até alguns meses atrás, então meu espanto foi total em nosso primeiro encontro acadêmico ao perceber que o tal professor ao qual me designei é na verdade o homem mais gostoso que eu já vi na vida.

Ele é um dos mais novos aqui, tem uns trinta anos de idade-

"Espera um pouco. Me deu um papel de um cara de trinta anos?" Harry interrompe a minha leitura, insatisfeito com a idade fictícia de seu personagem.

Eu reviro os olhos e me viro para ele, "Você está estragando a fantasia. Nós conversamos sobre isso, Harry. Você é um professor universitário, não pode ter a idade de um aluno. Não seria convincente."

"Isso é literalmente um roteiro." Ele balança os papeis em sua mão, ainda argumentando. "Nada aqui é real."

"Exato. Esse é o ponto." Rebato, "Eu também não sou uma aluna safadinha e não está me ouvindo reclamar."

"Você escolheu esse enredo, Char." Harry debocha, estreitando os olhos.

"E você adorou." Devolvo no mesmo tom, o calando. "Qual é, Harry? Esse é o ponto da coisa toda. Fingir."

Desde que selamos nosso acordo, Harry e eu concordamos que tentaríamos sempre testar coisas diferentes no sexo. Já usamos alguns acessórios, já testamos limites, assim como fizemos diversas posições. Mas algo estava faltando. Na verdade, várias coisas estão faltando pensando naquela lista que fiz com ele no mês passado. Há diversas variantes que devemos testar, mas tínhamos que nos decidir entre uma para hoje.

O sorteado da vez foi o roleplay. Conversamos sobre inúmeros cenários e acabamos empatados entre "Chefe e Secretária" ou "Professor e Aluna". O último foi o escolhido e a partir daí, eu providenciei um roteiro para guiar a nossa aventura.

Não imaginei que seria tão intrigante realmente me dispor a fazer isso, mas é. Nem eu nem Harry somos atores e fingir sermos outras pessoas é quase cômico, mas ainda há uma certa adrenalina na coisa toda. Acho que é por isso que alguns casais tem esse fetiche. Você não só se caracteriza, você encena e goza naquela ficção.

𝗙𝗲𝘁𝗶𝘀𝗵 • H.S.حيث تعيش القصص. اكتشف الآن