34 [sau•da•de]

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[sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa ou um lugar, ou à ausência de experiências prazerosas já vividas.]

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CHARLOTTE

"Morango, uva ou limão?"

Considero as opções por um instante e finalmente respondo: "Morango."

Ela acena e se vira para a máquina de raspadinha, apertando botões e enfiando moedas para que tenhamos nossas delícias geladas.

"Espera. Você tem certeza que pode comer isso? Eu sei que está um calor dos diabos, mas a sua mãe vai me matar se isso interferir no seu tratamento." Exclamo ao tocar no ombro dela. Seu corpo não está mais franzino como antes e posso sentir carne como não sentia a muito tempo em seus ossos.

Celeste meneia a cabeça e sorri. "Eu posso sim, querida. Não se preocupe." Então ela se volta para a máquina e recomeça a enfiar moedas na mesma. Suspiro e deixo que continue.

Fazem três meses desde que Celeste deixou o hospital e hoje é a primeira vez que nós saímos juntas para passear, mas não porque ela não poderia antes e sim, porque sua mãe é bem protetora e prefere resguardá-la sempre que é possível. Hoje, contudo, Celeste e eu imploramos juntas com toda a dedicação para que nosso pedido fosse concedido e ela não teve como negar.

Para não preocupar a mulher, prometi que não a faria se esforçar ou se desgastar tanto. A trouxe de táxi até um parque, onde ficamos um longo tempo jogando conversa fora e apreciando esse pedaço de natureza. Há comércio aqui ao redor e as raspadinhas foram ideia dela. 'Para adoçar a vida', disse.

"Eu vou me sentar naquele banco e fico te esperando, tudo bem? Senão alguém pode chegar e roubar aquele cantinho. Eu não quero ficar em pé."

"Faça isso. Eu já levo as raspadinhas."

A brisa faz a barra do meu vestido se agitar e os curtos fios do meu cabelo coçarem o meu rosto. Eu tiro a pequena presilha de cabelo de dentro da minha bolsa tiracolo e prendo apenas as mechas da frente para que não seja incomodada novamente.

Com o meu cabelo tão curto, terminando acima dos ombros, eu mal posso fazer um rabo de cavalo, tenho sempre de usar grampos e outros utensílios para conter tudo de uma vez. Foi um pouco aborrecedor nas primeiras semanas após o corte, mas agora eu não ligo mais e deixo que os fios cocem o meu pescoço como bem entendem. Me faz lembrar do meu gesto e me deixa em paz.

Avisto o bucket hat amarelo de croché com margaridas bordadas na cabeça de Celeste e me levanto do banco para pegar minha raspadinha da mão dela. Nós nos sentamos juntas e eu sorrio para ela.

"Ainda não acredito que saiu mesmo com essa roupa" Comento ao admirar a aparência dela. Um vestido branco de veraneio em seu corpo e sandálias de dedo nos pés. A mãe dela queria que usasse calça, blusa fechada e tênis.

"Sai correndo pelos fundos pra minha mãe não ver. Só coloquei o chapéu para não parecer completamente desinteressada pelo meu bem estar."

Eu rio. "Você está linda."

"Ora, mas é evidente." Brinca ao erguer o queixo e eu rio mais.

"Não acredito que escolheu limão." Exclamo ao ver a calda verde neon na raspadinha dela. "Pensei que queria adoçar a vida."

"Eu percebi que ter as minhas mandíbulas travadas seria uma experiência mais interessante." Explica-se com pompa, dando uma colherada generosa na raspadinha e a enfiando na boca sem hesitar. Sua careta por fim é maravilhosa.

𝗙𝗲𝘁𝗶𝘀𝗵 • H.S.On viuen les histories. Descobreix ara