15 [hu•mil•da•de]

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[virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações; modéstia, simplicidade.]

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HARRY

Ao sentir o calor e a maciez, meus dedos sobem e descem devagar pela extensão de pele na coxa dela. Seu joelho está dobrado e a luz do sol ilumina o carinho que eu faço. Eu bocejo e coço os olhos com a mão livre, ainda sonolento e cheio de preguiça.

Ouço um fraco grunhido ao meu lado e viro o rosto para encontrar o dela, assim como a nuvem de cabelo bagunçado em sua cabeça. Seus olhos de mel ainda estão fechados e seus lábios de coração levemente formando um biquinho por conta da moleza da noite de sono. As sardas em seu nariz parecendo beijinhos de anjos.

Desvio o rosto do dela para cortar meus pensamentos piegas, mas não paro de acariciar sua coxa, minha mão se movendo por conta própria na pele dela.

"Que horas são?" Charlotte murmura a pergunta, sua voz de seda saindo rouca pelas manhãs.

Eu suspiro e começo a procurar pelo meu celular, apalpando a única mesa de cabeceira que tenho (que está quebrada, aliás) até achar o aparelho. O puxo pra mim e ligo a tela, piscando meus olhos por conta da luz incômoda.

"São... 11h26." Informo, desanimado, bloqueando o celular novamente e o deixando cair no meu peito nu, levando minha mão até o meu cabelo.

"Mmm..." Charlotte geme preguiçosamente. De repente, num sobressalto, ergue a cabeça do travesseiro, "Você disse onze?" Questiona, de olhos arregalados.

"Sim." Confirmo, franzindo o cenho para a reação dela, "Nós fomos dormir tarde."

"Merda!" Ela xinga entredentes e a partir disso, começa a se levantar da cama, se livrando do meu cobertor azul marinho para revelar seu belo corpo bronzeado e andar apressada para fora do quarto.

"Onde você vai?" Indago, erguendo meu tronco do colchão, acompanhando a saída dela.

"Eu tenho que ir." Ela diz simplesmente, antes de se fechar dentro do meu banheiro.

Fico com uma interrogação no rosto, mas só o que me resta é esperar ela voltar e me dar mais algum tipo de informação, o que pode ser bem difícil de acontecer, se tratando dela sendo quem é.

Coloco ambas as mãos abaixo da cabeça e fico olhando para o teto infiltrado do quarto. Porra, eu nunca tinha reparado nisso. Será que ela viu isso? E se viu, o que deve estar pensando?

"Papel higiênico, Harry." A voz de Charlotte exige, vindo diretamente do banheiro, e eu demoro dois segundos pra entender o que tenho que fazer.

Saio da cama correndo e começo a vasculhar nas minhas coisas, procurando o suprimento que ela precisa. Me lembro que havia guardado algumas coisas nos armários da cozinha e vou até lá rapidamente.

Só há um rolo de papel higiênico restante na dispensa e eu travo as mandíbulas ao ver que minha comida está praticamente aos farelos também.

"Harry, por favor. Eu realmente preciso fazer xixi." Charlotte exclama dentro do banheiro e eu apenas agarro o rolo de papel e corro até lá.

Bato na porta e ela abre a mesma sem demora, deixando apenas uma fresta revelar seu rosto.

"Me desculpa, Char. Eu esqueci de abastecer." Digo, envergonhado, mas ela só agarra o papel e fecha a porta novamente. Eu fecho os olhos e me martirizo, levando em consideração a expressão não muito feliz dela. "Porra." Praguejo num sussurro, andando para o quarto novamente.

𝗙𝗲𝘁𝗶𝘀𝗵 • H.S.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora