44 [êx•ta•se] (!)

1.1K 45 39
                                    

[condição daquele que está emocionalmente fora de si ou tomado por sensações adversas, intensas e contundentes; prazer vivíssimo, gozo íntimo, causado por uma grande admiração, enlevo ou pasmo.]

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

HARRY

Estudos apontam que, após o primeiro uso de determinada substância, não há como ter a mesma experiência uma segunda vez. Embora trate-se da mesma substância, nosso corpo e mente sempre fará um registro diferente do que foi consumido, dando-se aí um dos fatores que fazem as pessoas repetirem a dose outras vezes, ou até mesmo aumentá-la. Sempre a procura daquela sensação que nunca se repetirá.

Aprendi isso na escola, muitos anos atrás, e me lembro de poder comprovar essa teoria por várias vezes ao longo da adolescência e vida adulta, com o consumo de algumas... coisinhas interessantes.

Contudo, após vinte e seis anos neste mundo, posso finalmente dizer que a ciência não está sempre correta. (Não que eu sempre tivesse ambição de dizer isso, mas acho que dá pra entender).

Vinte e seis anos e eu nunca estive mais em dúvida antes. Simplesmente não consigo me decidir. Passei boa parte da noite com a cabeça no travesseiro pensando sobre isso, tentando refletir, mas não consigo chegar num resultado.

Estou empacado entre tê-la cavalgando a minha boca, com a cabeça jogada para trás e os seios amassados pelos próprios dedos; vê-la se contorcendo com o rosto de lado no travesseiro, a bunda pra cima, ao passo que eu a penetro com os dedos por trás; ouvi-la sussurrando elogios sujos e gemendo, ao mesmo tempo que seguro suas coxas ao redor dos meus quadris em movimento; ou admirá-la e beijá-la sobre mim, os quadris dela rebolando num passo enlouquecedor.

Como escolher entre pizza e hambúrguer, filme ou livro, minha Char por baixo ou por cima?

Resposta: Não dá! É impossível!

Pelo menos pra mim é, de qualquer forma.

Nossa noite de reconciliação foi a melhor noite de reconciliação que eu poderia imaginar. Achei que nada superaria nosso ótimo jantar no apartamento dela, na noite em que tivemos nossa primeira interação amigável, em que eu pensei que esse fosse o rumo certo para nós dois. Me recordo de ter saído do apartamento dela satisfeito, feliz, realmente interessado em vê-la outra vez e tê-la na minha vida, mesmo que sem segundas intenções. Pra mim, naquela noite e nos poucos dias que se seguiram, nossa amizade me bastava. Bastava mesmo.

Mas não mais.

Não depois do que fizemos ontem.

Não foi como a nossa primeira vez, à dois anos e alguns meses atrás. Foi melhor.

Melhor, porque dois anos e alguns meses se passaram. Melhor, porque nesse meio tempo, ambos aperfeiçoamos nossas habilidades na cama - e na parede, e no chão, e sobre os móveis. Melhor, porque ela não teve medo de se entregar, assim como eu. Melhor, porque ainda nos conhecemos.

Minha pele não aquece com ninguém da mesma forma que aquece com a dela. A boca de nenhum outro alguém tem o mesmo gosto que a dela, que se enriquece em sabor quando prova o meu próprio sabor. A conexão dos olhares, dos centros e das mentes, nada se compara a Charlotte e Harry.

E, Deus, estou sendo brega, mas é porque ela me dá o poder necessário pra ser se eu quiser. E isso significa muito a respeito de um sentimento.

Sim, sentimento. Chupa essa, Harry de Alguns Dias Atrás.

Foi uma daquelas noites que você sabe que não vai ser a única. Daquelas que pede sequência, uma trilogia, uma série completa de nove temporadas com vinte e cinco episódios de cinquenta minutos.

𝗙𝗲𝘁𝗶𝘀𝗵 • H.S.Where stories live. Discover now