24 [ir•re•ve•rên•ci•a]

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[falta de respeito; desacato.]

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HARRY

"Não."

"Mas-" Ela olha para si mesma, passando as mãos pelo tecido de algodão que a cobre com muita folga e então crava os olhos de mel nos meus, "Você disse que não usa mais."

"Não, Charlotte." Nego outra vez, balançando a cabeça.

"Harry." Agora ela tenta me intimidar, não se importando com o fato de que sou mais alto, mais forte e muito, muito teimoso. Suas mãos agarram a peça de roupa pela estampa e ela ordena pausadamente, "Você vai me dar essa camiseta."

Meus lábios se curvam num sorriso, já que ela fica incrivelmente atraente e adorável quando está séria assim. Contudo, tenho que ao menos fingir que estou levando essa discussão à sério, então cruzo os braços e disponho minha melhor carranca, "Não, eu não vou."

"Ugh!" Grunhi, frustrada. Ela bate o pé no chão, como uma criança contrariada, e eu suprimo uma risada de me escapar e piorar tudo. "Isso não é justo. A camiseta estava mofando na caixa. Se não fosse por mim tê-la tirado de lá, você nem se lembraria da existência dela." Cruza os braços, seus lábios de coração formando um beicinho emburrado que passa despercebido por si mesma, mas não por mim. Me desencosto da pia da cozinha, onde estava apoiado, e ando na direção dela, a fim de dar-lhe um beijo, mas ela dá um passo atrás, ainda aborrecida.

Ontem à noite Charlotte dormiu aqui e como mandam as regras, ela tem de usar as minhas roupas quando está no meu apartamento - a menos que queira ficar só de lingerie. Eu a deixei à vontade para fuçar as minhas caixas de mudança (as que eu ainda não esvaziei desde que vim morar aqui), e enquanto ela se aventurava pelas minhas roupas, fui tomar banho. Estávamos tão cansados da noite de trabalho e sexo, que nenhum de nós percebeu qual camiseta especificamente ela tinha selecionado. Até hoje de manhã.

Quando se olhou no espelho do banheiro e viu que vestia uma original do concerto Live Aid de 1985, ela quase gritou e pulou em cima de mim, me tirando do meu resquício de sono com sua tagarelice animada e deliciosa sobre como nunca tinha visto uma na vida. A partir disso, ela quis a peça imediatamente para si, mas não contava que eu ainda iria querer possuir a mesma.

"Por que quer tanto essa coisa?" Pergunto como se não soubesse, só para vê-la franzir o cenho exatamente como está fazendo agora.

"Essa coisa não é só uma camiseta feita nesse século que eu poderia comprar numa lojinha na internet." Ela frisa a palavra que eu usei, não satisfeita com a mesma. "É uma vintage referente a uma das melhores apresentações de uma das melhores bandas que já existiram."

"Você é uma garota do Queen, não é mesmo, Char?" Toco o queixo dela com os dedos, pegando a referência em sua explicação.

"Não é você o inglês aqui?" Alfineta, dando de ombros.

"Sim. Eu não estou dizendo que gostar deles é um problema." Finalmente consigo me aproximar dela como queria e envolvo seu rosto com ambas as mãos. "Pelo contrário, me deixa ainda mais atraído por você."

Noto as pupilas dela se alargarem minimamente e sua respiração vacilar. Sorrio, orgulhoso de mim mesmo por causar essa reação nela, mas ao mesmo tempo contente, porque sei que ela me causa o mesmo. Até além.

"Eu ainda quero a camiseta." Sussurra por conta de nossa aproximação, seus olhos se alternando entre os meus e a minha boca.

"E eu ainda quero você ao meu redor." Respondo rapidamente, passando uma das mãos para a nuca dela e a outra para sua cintura. Charlotte engole em seco quando eu deito minha testa na dela, a ponta de nossos narizes se tocando.

𝗙𝗲𝘁𝗶𝘀𝗵 • H.S.Where stories live. Discover now