22 [a•me•a•ça]

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[fato, ação, gesto ou palavra que intimida ou atemoriza; indício de acontecimento desfavorável ou maléfico; sinal.]

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HARRY

O interior do saguão de entrada do prédio residencial é resfriado graças a um ar condicionado atrelado a parede, o que me faz querer ficar parado ali por longos minutos. Mas só me resta invejar a paz de espírito do porteiro desleixadamente sentado atrás de seu balcão, enquanto lê um jornal e ouve o rádio. As bochechas naturalmente rosadas da garota ao meu lado brilham com entusiasmo, ao passo que ela me relata qualquer coisa que seja sobre o nosso futuro destino.

Seguro a porta de vidro aberta e ela passa por mim, ainda falando, ainda sorrindo. O mormaço nos atinge imediatamente, assim como o barulho da cidade. É quase verão em San Francisco e nunca esteve tão quente, mas estamos com tanta fome e ela falando é tão aconchegante, que eu não emito nenhum tipo de reclamação sobre o clima sufocante.

"Quando eu costumava acordar cedo, podia sentir o aroma do pão fresco saindo do forno. Era hipnotizante. Eu acho que engordei uns três quilos naquela época só por conta das minhas idas frequentes até lá." Charlotte ri, se apoiando no meu braço para descer os degraus, ao invés de usar o corrimão. Não me importo nem um pouco e levo minha mão para a base de sua coluna, onde posso sentir sua pele na fresta entre sua curta blusa e os shorts jeans de cintura alta.

"Charlie Fitz, viciada em pães frescos. Quem diria?" Brinco, sorrindo ao sentir as pontas dos fios de cabelo dela cutucarem meu antebraço. Hoje ela acordou e resolveu fazer um belo rabo de cavalo, que está voando na brisa de verão.

Ela me dá um olhar estreito, "Você também seria se morasse tão perto daquela bendita padaria."

Charlotte raramente usa maquiagem - ou eu só não consigo perceber quando ela usa - mas ainda assim, vê-la com o rosto nu abaixo da alta claridade deste dia me deixa admirado. Suas sardinhas no nariz ficam ainda mais aparentes e seus olhos cor de mel ganham um leve tom esverdeado. Os lábios de coração dela são realmente pigmentados de magenta e suas sobrancelhas parecem se misturar com o complexo de sua pele a cada emoção que ela expressa.

Assim que nossos sapatos tocam a calçada diante ao prédio, agarro a cintura dela e a trago para o meu peito. Charlotte arfa e seus olhos queimam nos meus perigosamente, mas ela não tenta recuar.

"Sabe no que eu sou mesmo viciado?" Pergunto retoricamente, querendo ver sua reação.

Suas íris de mel rodeiam o ambiente e se põe sobre mim mais uma vez, "Estamos no meio da rua, Harry. O que pensa que está fazendo?" Há repreensão em seu timbre, mas não incômodo e eu sorrio mais largamente com isso.

"Sabia que está especialmente bonita essa manhã?" Desvio de sua pergunta e construo um elogio, este que Charlotte recebe com um riso suspirado.

"A maconha ainda está mexendo com os seus neurônios, não é? Pobrezinho." Zomba dissimulada ao fazer um biquinho e fingir pena.

"Você é irritantemente atraente, mulher." Ela ri livremente e eu levo meus lábios até seu pescoço, roçando sua pele.

"Isso não é lugar ou hora para carícias, Styles. Harry Styles." Suas mãos agarram meus ombros firmemente e ela me afasta, me fazendo soltá-la. "Agora, vamos logo comprar o nosso café da manhã antes que as coisas mais gostosas acabem."

"A coisa mais gostosa já está aqui na minha frente." Galanteio e ela ri - sua risada deliciosa de ouvir - jogando a cabeça para trás.

"Eu tô falando sério, Harry. Não faça eu me arrepender de te deixar ficar para o café." Reviro os olhos, mas não falo mais nada e ela se dá por vitoriosa.

𝗙𝗲𝘁𝗶𝘀𝗵 • H.S.حيث تعيش القصص. اكتشف الآن