13 [ge•ne•ro•si•da•de] (!)

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[virtude daquele que se dispõe a sacrificar os próprios interesses em benefício de outrem; magnanimidade;
comportamento que expressa bondade.]

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HARRY

Acho que estou ferrado com essa mulher. E o pior de tudo: eu me coloquei nessa posição.

Eu sinto que continuo me repetindo quando se trata de sexo com ela. Eu achei que a nossa transa no meu apartamento tinha sido a melhor até agora, mas o que fizemos naquele teatro está me perseguindo como sarna em cachorro de rua. Aquilo foi um sonho molhado na vida real; a experiência que mais fez meu pau pulsar na minha calça; que me fez ficar literalmente de joelhos. Eu não consigo me livrar das memórias daquele momento e não quero me livrar delas.

Aquela foi a melhor experiência até agora. Ponto final.

Depois daquilo, quando eu me despedi da Charlotte e voltei pra casa, o cheiro e o gosto dela na minha boca me fez enfiar a mão na calça e me perder na sensação do que havia acontecido. Eu quase me masturbei duas vezes, mas achei que seria patético demais. Eu conseguiria fazer isso, no entanto, tão atraente foi ter estado com ela daquele jeito.

Ela é tão boa. Outra coisa que eu continuo repetindo várias e várias vezes. Ela é muito boa. Começo a pensar que é a melhor.

Foi estranho, no entanto, quando aquele momento acabou. Eu estava preso na onda e fui jogado na praia quando o número daquela atendente da cafeteira foi achado dentro da sacola da sex shop. Charlotte ficou me incentivando a ligar pra garota, dizendo que ela era bonita ou sei lá. Eu disse não e não hesitei nisso. Eu disse não como se fosse errado dizer sim. Eu disse não porque não queria que aquela garota, seja lá o nome dela, me tocasse e me fizesse sentir o que todas as outras garotas tem me feito sentir: nada.

Mas o pior de tudo, eu disse não porque ela não era a Charlotte.

E a própria Charlotte me fez lembrar que eu não devo lealdade nenhuma a ela, porque nós não temos um compromisso. Eu poderia ter dito sim e ligado pra tal atendente bonitinha, saído com ela, fodido com ela. Se eu tivesse feito isso, não seria como estar quebrando um voto, fazendo algo errado, machucando alguém.

Mas eu disse não porque ela não era a Charlotte e a própria Charlotte me incentivou a dizer sim.

Então, novamente, eu acho que estou ferrado com essa mulher.

Ainda não cheguei no núcleo disso, talvez eu só esteja admirado com a capacidade dela de me fazer sentir bem e precise me acostumar com isso. Talvez depois disso, eu consiga olhar para oportunidades como as de atendentes de cafeteria me dando seus números sem que eu pedisse, de forma mais receptiva. Eu espero que isso aconteça. Eu espero que esse vício, essa obsessão da minha mente e do meu corpo com a Charlotte seja passageira. Caso contrário eu terei armado uma armadilha para mim mesmo e caído de cabeça na mesma.

Essa noite eu achei que tudo seria tranquilo, mais uma noite de flerte e olhares intensos trocados com ela, mas as coisas tomaram um rumo drástico que eu não esperava.

Foi nojento ouvir aquele babaca falando com ela daquele jeito. Meu sangue ferveu nas minhas veias e eu estou repetindo pra mim mesmo a noite toda que essa sensação ruim no meu estômago é pura decência humana abalada por testemunhar um ato hostil contra ser tão desmerecedor. Olhar para o rosto dela tão abatido a noite toda, enquanto ela tenta fingir que está bem, me faz questionar se meu incômodo é só por empatia, no entanto.

𝗙𝗲𝘁𝗶𝘀𝗵 • H.S.Where stories live. Discover now