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🜲
Donghyuck devia ter dito não quando a mãe de Mark disse para assistirem algo do NCT na televisão.
Devia ter dito não enquanto o senhor Lee colocava o computador para espelhar a tela usando o cabo HDMI (porque era o único jeito que ele sabia e Mark era tão ruim com internet que também não mostrou iniciativa em ensinar que tinha como ir direto no Youtube da TV. Haechan também ficou quieto, porque naquele nível notou que já era uma grande coisa saberem o que era Youtube).
Devia ter dito não quando discutiam por onde deviam começar - porque, quem sabe se forçasse bastante o carisma, podia ter evitado aquilo.
E em aquilo, leia-se vergonha extrema vontade de sumir querer correr pro aeroporto e perguntar se podia ser despachado para a Coreia dentro de uma mala, para ninguém nunca mais ver.
Ou, alternativamente, leia-se Mark e a família inteira parecendo seus fãs.
Em geral, o Fullsun iria amar a atenção, amar o favoritismo, amar os elogios e amar se gabar. Só que a cada vídeo que assistiam e que ele mostrava seu talento para shows de variedade, cada episódio do NCT Life que seus comentários faziam todos se abrirem em risadas e cada dança e canto executados perfeitamente como nos álbuns... seu medo crescia.
Um medo irracional que vinha com uma realização - que, na verdade, ele já devia ter tido a muito tempo - de que Mark era importante demais.
Demais, a ponto de doer.
Seu peito apertou quando, mais cedo, tinham ficado conversando durante o banho. (No caso, Donghyuck tranquilamente lavando o cabelo e corpo experimentando todos os óleos cheirosos do banheiro enquanto Mark ficava na porta vigiando se qualquer som viria do andar debaixo, porque eu não posso tomar banho com você, Hyuck! E se meus pais chegarem?)
E seu coração apertou de novo, quando Minhyung tinha cortado um tomate do jeito menos eficiente e mais feio possível, fazendo-o rir em meio ao preparo do almoço. Aquela foi basicamente a única contribuição do canadense, que depois recebeu a incumbência menos difícil de arrumar a mesa, mas o sorriso orgulhoso do mais velho com aquele cenário pós guerra (no caso, os tomates) ficou gravado com contornos doces na mente de Donghyuck.
Achou que nem ia ter mais um coração, quando seu hyung o roubou de vez ao mostrar com calma o resto de seu quarto e lhe oferecer uma das fotos que tinha ficado na gaveta pra você lembrar de como eu era quando a gente se conheceu. Foi no dia que foi aprovado na audição, Mark contara, e ele tinha deixado lá para voltar e buscar quando virasse alguém importante. Donghyuck ganhou a foto, porque o mais velho se derreteu com sua declaração sincera de "desde aquela época você já era alguém importante pra mim".
E mesmo de coração roubado, seu peito ainda se apertou quando os pais de Minhyung chegaram e puderam conversar mais e fazer uma refeição juntos. Porque ele se sentiu tão acolhido ali que sinceramente foi emocionante - principalmente sabendo que o senhor e senhora Lee tinham ficado bem assustados de seu filho de ouro não namorar uma menina. Pensar que eles tinham aberto o coração e a casa para Donghyuck poder entrar era, no mínimo, emocionante.
