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Passei no lavabo, lavei as mãos e subi pro quarto.

General: Vida?

Lorena: Onde você tava, Caíque? — ela me encarou com raiva.

General: Eu fui na  boca saber quem invadiu a favela. — disse tirando o jaco e em seguida a camiseta.

Lorena: Ah claro! Primeiro tem que saber como sua biqueira estar e depois a família.

General: Eu só fui saber quem invadiu aqui! — disse calmo.

Lorena: A gente poderia ter morrido! Seus filhos!

General: Lorena você acha que eu não tenho noção das coisas!? — encarei ela — Por isso fui atrás de saber quem estava aqui, porque não vou deixar virem NA MINHA favela e colocar minha família em jogo!

Lorena: Sua preocupação era só ver se sua biqueira estava inteira! VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE ME FEZ PASSAR? ATIRAR, MATAR PESSOAS!!!!

General: Então você queria ter morrido, caralho? Era a nossa vida em jogo!

Lorena: Olha o que você me faz passar!

General: Da próxima vez você fica no meio dos tiros, simples! — eu estava em paz em saber que todos que eu amo estava bem, mas a Lorena queria a qualquer custo brigar. Sai andando pro banheiro, pra tomar um banho.

Lorena: EU ESTOU FALANDO COM VOCÊ! — ela disse entrando no banheiro e fechando a porta com tudo.

General: E eu estou ouvindo. Só não vou rebater.

Lorena: Você não se importa mesmo com a gente. — ela riu debochada.

General: Não mesmo! Por isso não faço porra nenhum pra zelar pela segurando e bem estar de vocês, né!?

Lorena: Você tá certo, sempre certo. — ela saiu do banheiro toda estressada, batendo todas as portas. Aí que desabei em lágrimas, com medo, insegurança... de envolver minha família nesse perigo todo. A Lorena tinha razão de tudo que falou. Mas é minha vida, cresci assim e não sei fazer outra coisa. Faço de tudo por eles e nunca iria me perdoar se acontecesse alguma coisa com eles.

Fiquei um tempo de baixo do chuveiro, sai. Me sequei, fui pro quarto, coloquei uma cueca e uma bermuda, passei desodorante. Peguei meu baseado, uma dose de uísque e fui pra varanda. Sentei na cadeira que tinha ali e fiquei vendo o movimento da favela até o dia clarear, vi os moradores irem trabalhar.

X: E ai, vai dormir não? — levantei num pulo e era o Bernardo. Meu olho até encheu de lágrima.

General: Bernardo!

Bernardo: Eu tô bem! — ele riu e sentou do meu lado. — Quem invadiu?

General: Não quero você envolvido nisso!

Bernardo: Segredo entre nós? — ele me encarou levantando a sobrancelha.

General: Civil.

Bernardo: Porra... — ele passou a mão no rosto.

Fiquei trocando uma ideia com o Bernardo até o sol sair de verdade. Ele foi pro quarto dele e eu fui tentar dormir. Me joguei na cama, me mexi de um lado pro outro e nada... abracei o travesseiro da Lorena, aí consegui dormir.

14h, acordei assustado. Levantei num pulo da cama e não vi a Lorena. Já desci puto! Não tinha ninguém em casa, comecei a ligar desesperado pra ela e nada dela atender.

| whats on |

General: Lorena, tá por onde?
Não me atende porque?
Saiu sem avisar e os caralhos....

| whats of |

Fiquei um tempo esperando ela ficar online e nada. A porta abriu e era ela e minha mãe dando risada, coração até acalmou. Apaguei rapidinho as mensagens para todos.

General: Bença mãe?

Luísa: Faz tempo que acordou agora? — ela riu. — Deus abençoe.

General: Amém.

Luísa: Colocar uma roupinha pra que né?

General: Tô na minha casa, dona Luísa.

Luísa: Cara de pau.

General: Dormiu comigo Lorena?
Lorena: Dormi com a Pandora, isso sim.

Luísa: Dormiu no sofá?

Lorena: Fiz errado? Fiz! Quem deveria dormir era ele.

General: Nenhum tem que dormir fora da cama.

Lorena: Sogra vai fazer o almoço né?

Luísa: Vou! Cadê as coisas?

Lorena: Até parece que não sabe onde fica as coisas né.

Estava escrito | Temp. 3Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt