Capítulo 4

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"Estou com saudades, preciso te ver".

Já reli essa maldita mensagem sei lá quantas vezes. Quando enviei a Jana deveria estar no horário de trabalho, mas o que ela estaria fazendo até as oito da noite de uma sexta-feira que ainda não conseguiu um minuto para olhar o celular e responder?

Afinal de contas até quando ela está com as crianças o celular está por perto, já a vi mexendo nele muitas vezes, então não tem explicação para a demora. Na real ela nem precisa cumprir horário, ainda trabalha com os Gupper ajudando a olhar as crianças, mas agora tem mais babás junto a outros funcionários e não é mais tão puxado quanto antes. Ela nem tem horário fixo, já que as vezes é noite e ela está lá com as meninas, mais porque quer do que por obrigação.

Elas são a família dela também e acho que isso me faz amá-la ainda mais.

Pensei em mandar mensagem para a Angel, mas me desintoxicar dela é parte do processo, também risquei a hipótese de uma conversa com o Emerson já que um levaria ao outro.

Pensando bem falar com qualquer outra pessoa seria desespero, ela poderia se sentir pressionada e isso é a última coisa que quero agora.

"Cadê você?" não resisti em mandar outra mensagem e foi bem a tempo do Jorge me avisar que estava subindo, então deixei o celular de lado e fui tomar uma ducha para ele não reclamar que só enrolo.

— Cara, toda vez você enrola — acabou reclamando do mesmo jeito.

— Próxima vez você me ajuda a ensaboar para ir mais rápido — passei pelo folgado que estava largado no meu sofá e peguei minha carteira.

— Será um prazer pegar nessa rola murcha — o vi revirar os olhos e passar porta afora.

— É que você nunca viu o homem em ação — coloquei o andar do estacionamento e o elevador não demorou a chegar.

— Achei que você iria estar com um humor do cão, mas até que está de boa — ele começou a mexer no celular e eu o olhei de canto de olho sem entender.

— Você não conseguiu renovar o contrato?

— Marlon está no papo — se gabou deixando o celular de lado para entrarmos no carro, normalmente quando vamos para o bar juntos vamos em um carro só, quase sempre com o meu já que além de tudo o Jorge é folgado.

— Então por que eu estaria de mau humor? — estávamos saindo da garagem quando ele falou.

— Por causa do vídeo da Jana cara, você está de boa com isso? — freei o carro antes de entrar na avenida e o meu amigo me encarou assustado. — maluco?

Puxei o freio de mão tirando o celular do bolso e assim que abri o aplicativo da rede social a primeira bolinha que me apareceu foi a dela.

Era um vídeo repostado de uma amiga que eu nunca conheci, nele estava a Janaína dançando com mais duas loiras, parecia ser uma balada, um show, sei lá, minha mulher estava com o sorriso solto, aparentemente embriagada e deu para ver o braço magrelo de um cara a puxando pela cintura antes do vídeo acabar.

Nem preciso pensar muito para saber que é aquele mané do casamento.

De novo ele.

Ela tem tanto receio das minhas viagens e do meu tempo fora, mas eu nem lembro a última vez que transei com alguém senão ela, enquanto ela fica pra cima e pra baixo com esse zinho aí.

— Filho da...

— Merda, já vi que acabou minha noite — ouvi o Jorge reclamar ao meu lado e me lembrei de não estar sozinho.

Infinitamente MinhaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora