Capítulo 35

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"Cheguei" enviei a mensagem para o Lívio assim que estacionei na frente da casa e ele não demorou para abrir a porta.

— Nem sei se vale a pena eu reclamar do seu atraso — bem humorado como é, ele já abriu a porta reclamando, o que me fez dar risada mostrando a sacola de papel com massa e grelhado para nós. — Ok, está perdoado — pegou a sacola pesada da minha mão e foi seguindo para a cozinha.

Fechei a porta de entrada e dei uma leve varrida de olhar pela sala em busca da Jade, como não a encontrei fui atrás dele.

— Vai dar tempo de comer antes do campeonato? — perguntei vendo-o colocar os pratos na bancada.

— Da sim, só começa daqui quarenta minutos.

— Então por que ficou me apressando?

— Porque eu te conheço pai, se eu dissesse que só começaria as sete, você chegaria aqui sete e meia — abri a boca querendo revidar, mas o espertalhão tem razão.

— Certo, onde está a sua mãe? — perguntei como quem não quer nada.

— Lá fora ensaiando — apontou para a porta e eu fui atrás dela.

A Jade estava na parte coberta que fica depois do pequeno jardim, conseguia ouvir a música daqui e reconheci o ritmo em jazz.

Ela não tinha me visto, estava com um body colado que me deixou instantaneamente de pau duro, o suor também não ajudava na minha imaginação, os pés descalços com as unhas pintadas de preto... Tudo nela me deixa louco.

Assisti como um admirador sua dança, seu corpo se movendo em movimentos humanamente impossíveis para mim, a leveza e sensualidade correspondendo à música como se fosse parte dela.

Por um instante me vi no terceiro ano do ensino médio, lembrei exatamente de um dia em que estava sentado no chão da garagem e ela dançava na minha frente, mais nova e mais magra do que agora, mas igualmente linda.

Lembro de ficar hipnotizado com a sua dança, com o mexer do seu corpo, ela dava tudo de si, ao mesmo tempo em que parecia não fazer esforços para estar ali, como se dançar fizesse ser ela mesma.

Linda, envolvente, espetacular.

A diferença é que naquela época, quando senti essa pontada no peito e o acelerar do meu coração, eu fugi. Algo que me recuso a fazer agora.

A verdade é uma só, de algum jeito eu sempre soube que seria ela, e isso sempre me deixou por um fio.

— Não sabia que estava aí — me perdi nos meus próprios pensamentos e conflitos que nem percebi a dança acabar.

— Vim ver o Lívio jogar um campeonato — expliquei ainda embasbacado com a direção dos meus próprios pensamentos.

— Ele está lá dentro — pegou uma toalha para secar o suor e eu me aproximei atravessando o jardim.

— Sim, trouxe a janta para não ficarmos com fome durante o jogo.

Seu corpo suado, o body colado, respiração acelerada, bundinha empinada...

Não é hora para uma ereção Otávio!

— Então vai comer — jogou a toalha de volta na mesinha e se virou para mim com uma sobrancelha erguida.

— Perdi a fome — essa fome.

Lambi os lábios dando alguns passos para chegar mais perto dela, louco para sentir o seu cheiro.

Menta, flores e Tutti Fruti. Definição do paraíso.

— Tem alguma coisa para falar comigo? — fez uma pose séria com as mãos na cintura.

Infinitamente MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora