Capítulo 26

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Passei a manhã de domingo agitado.

Já tinha prometido ao Lívio que íamos até Sorocaba para ele conhecer a construção que eu tanto falo.

Mas agora estou com medo de ir e ceder à tentação.

Nem sou capaz de explicar a necessidade de vê-la que estou sentindo. Minhas mãos chegam a tremer de vontade do corpo da Janaína. Uma mistura de saudade com desejo... Eu preciso dela.

Se não fosse aquela porra de mensagem tudo estaria bem.

Só que seria fácil demais ela simplesmente me deixar, é claro que a tentação tinha que bater na minha porta e me convidar a descer para o inferno; no caso mandar mensagem, como um convite inocente "estou aqui, venha pecar".

— Vamos logo, você enrola demais Otho — o Lívio me cobrou pela terceira vez e sem mais desculpas peguei minhas coisas e partimos, eu ele e a Jade, rumo a Sorocaba.

— Está tudo bem? — ela perguntou em tom baixo assim que o Lívio dormiu, a mini viagem se iniciou com ele no banco do passageiro, mas quando paramos no posto eles trocaram porque meu filho é um espaçoso que queria deitar no banco traseiro para dormir.

E não demorou quinze minutos para cair no sono.

— Você sempre sabe quando algo está errado — sorri de lado sem desviar o olhar da pista.

— Querendo ou não nos conhecemos há muito tempo, certas coisas não mudam — pelo canto do olho a vi cruzar as pernas no banco do carro.

— Mudam sim — quis deixar claro, ela apenas me ignorou. — A Janaína mandou mensagem para mim.

— Imaginei que aconteceria.

— Imaginou minha reação também?

— Provavelmente ir atrás dela — respondeu suscinta.

— Eu não quero isso...

— Não? — desafiou e desviei o olhar da estrada para ela por alguns segundos.

— Tá, talvez eu queira, mas não queria querer.

— As coisas entre vocês não terminaram do melhor jeito, as vezes é bom ver o que ela tem para falar.

— Está me incentivando a conversar com ela?

— Não estou incentivando a nada — ela bateu no meu braço e voltou as mãos para o colo. — Estou dizendo que se a sua vontade é estar com ela, não tem motivos para não estar.

— Como não? Eu estava sendo o amante enquanto pensava ser o atual — acabei fazendo uma careta só por lembrar da situação.

— Ela é uma víbora e nada justifica as atitudes dela — deixou claro seu descontentamento. — Mas você não vai se sentir melhor enquanto não olhar para ela e dizer como se sente.

— Você pode ter razão — suspirei pensativo.

— Certas coisas precisam de um ponto final — completou mais baixo, a angústia novamente no tom de voz.

Minha vontade era parar o carro e abraçá-la tão forte que ela se esqueceria de qualquer mágoa passada.

— Ou de um novo parágrafo — fiz questão de acrescentar e ela me lançou um sorriso fraco.

Seguimos o restante da mini viagem em silêncio. Não demoramos a chegar, a estrada estava vazia e a playlist que se iniciou deixou um clima descontraído no carro enquanto minhas engrenagens continuavam a rodar.

Quando chegamos em Sorocaba fomos direto comer alguma coisa, o Lívio acordou varado de fome (para variar), o que nos fez parar no primeiro restaurante que achamos. Ele adorou o centro da cidade, ficou fascinado pela estrada até o condomínio e quando chegamos na construção o queixo dele só faltou bater no chão.

Infinitamente MinhaWhere stories live. Discover now