Capítulo 41

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A Jade surtou.

Primeiro ela xingou o Lívio. Depois começou a chorar e se questionar incansavelmente onde tinha errado como mãe. Então começou a gritar que ele é irresponsável como o pai — lê-se: eu —, e foi aí que a culpa caiu toda em mim.

Porque foi minha culpa essa irresponsabilidade.

Porque se eu não tivesse deixado os dois procriando feito coelhos nada disso teria acontecido.

Porque eu sou um filho da puta que acha que a vida é foder, beber e treinar.

Porque eu incentivei essa relação e agora tinha que arcar com as consequências.

Porque eu sou foda! Puta que me pariu!

No final das contas ela saiu do meu apartamento puxando o Lívio e falando que iriam para o Brasil.

Fiquei lá sentado no sofá feito uma ameba, sem reação e sem saber como que o meu filho engravidou alguém e eu sai como culpado.

Quando meu corpo finalmente respondeu aos meus estímulos já era tarde demais, eles tinham ido embora, a Jade não atendia meus telefonemas e quando o Lívio me atendeu depois de várias chamadas, foi para me dizer que era melhor eu dar um tempo para a mãe dele esfriar a cabeça porque ela estava ameaçando cortar nossas bolas.

Nossas. No plural. Novamente me questionei como o meu tinha entrado na reta.

Apesar de ser o pai e achar que deveria estar presente, aceitei me abster, até porque estou na vida deles há apenas um ano e a Jade ainda não se acostumou com a minha presença em casos mais... Graves?!

No dia seguinte minha cabeça estava a milhão e não me concentrei no trabalho por um minuto sequer. No final da tarde consegui um encaixe na agenda do doutor Nash e quando contei as novidades ele disse que meu ano já começou agitado.

Já falei que odeio o seu humor questionável?

— Agora me fala o verdadeiro motivo de estar nervoso — quando ele falou isso eu hesitei, tinha acabado de contar a história inteirinha e ele me vem com essa. — Você acha que a culpa é sua?

— Eu já fui adolescente Nash, sei que mesmo se eu dissesse que não, ele iria dar um jeito para ficar com ela, quanto mais se contraria adolescente, pior fica — bati os dedos repetidamente no braço do sofá.

— Então se você não tinha o que fazer, por que se sente culpado?

— Não estou me sentindo culpado, está mais para chateado, não sei — pensei sobre o assunto e suspirei. — Estou chateado que a Jade esteja botando a culpa em mim, o culpado sempre sou eu, independente do que for... Está certo que noventa por cento das vezes ela tenha razão, mas existe os dez por cento né.

— Então chegamos no ponto principal, está frustrado que a Jade não tenha confiança em você, a mesma confiança que você acha ser — abriu aspas no ar. — A base de um relacionamento saudável — fechou aspas. — Que já conversamos em sessões anteriores.

— Pois é — apontei para frente, em nada específico. — Ela disse que me ama, mas qualquer oportunidade que surge, joga na minha cara que sou imaturo e sem vergonha, sendo que estou fazendo de tudo para ser o cara ideal.

— A questão da confiança é uma linha bem tênue Otávio, o bom dessa linha é que conseguimos olhar pelos dois lados, então para e pensa antes de responder a minha pergunta — pausou pegando um lápis e uma canetas, onde juntou o topo deles juntos, deixando-os retos na minha frente, para então prosseguir. — Para construirmos uma base sólida, onde a confiança é a linha que junta os dois, é preciso que ambos estejam trabalhando em sintonia. Se um desses lado tropica fica uma falha na construção dessa linha e conforme os tropeços aumentam, as falhas se tornam maiores, até que a linha se rompe — ele ilustrou o lápis e a caneta se quebrando em dois. — Se trabalharem duro é possível fazer essa linha se juntar novamente, mas as falhas sempre estarão lá atrás e sempre que você olhar para elas vai encontrá-las...

Infinitamente MinhaWhere stories live. Discover now