Capítulo 44

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O primeiro mês foi composto por dias difíceis para a Jade.

Mesmo prometendo que eu ficaria ao seu lado todas as horas do dia, ela não conseguiu ficar na casa dela, o que eventualmente fez com que os dois viessem morar comigo no apartamento. Ela até tentou relutar sobre morarmos juntos, mas eu a convenci de que mesmo se comprasse um apartamento novo eu iria no pacote, então depois de dois dias tortuosos na antiga casa, a Jade finalmente cedeu e veio morar comigo.

Ela e a irmã ainda não estão se falando, não sei como foi a conversa no passado, mas claramente está afetando o relacionamento delas no presente.

Apesar de estar fazendo terapia quatro vezes na semana, ela ainda se assusta com alguns gatilhos; como quando ouve o barulho do elevador, quando alguém bate na porta, a noite as vezes se assusta ao dormir, além de se certificar três vezes que todas as portas possíveis estão trancadas — colocamos mais três trincos na entrada, já que o teclado por fora é digital.

Não é só ela que está indo as consultas, eu continuo com o doutor Nash duas vezes na semana e ele tem me ajudado a entender que é um processo e estar ao lado da Jade é essencial nesse momento.

Não vi mais o Orfeu depois do hospital, assim como não tive notícias do verme.

O ódio transborda em mim toda a vez que penso sobre o que aconteceu e tenho descontado nos treinos, mas mesmo assim ainda sinto que eu deveria fazer alguma coisa. Tenho conversado sobre esse sentimento com o Nash e ele tem tentado dar justificativas para isso, mas a verdade é que não vai melhorar, pelo menos não enquanto eu souber que ele está respirando. Enquanto ele respirar a Jade estará em risco e isso é o que me mata.

Estava no meu escritório em uma quinta à tarde — estou todos os dias, já que não saio desse apartamento para nada além da musculação, que tenho feito aqui no prédio mesmo para economizar tempo e não deixar minha mulher sozinha enquanto estou preso no trânsito.

O Alex me mandou o parecer sobre as mudanças que solicitei na obra de Sorocaba e estávamos no meio da conversa quando a Jade entrou no escritório repentinamente, como com certeza não é hora para esse assunto fechei o notebook assustado, mas isso só fez o sorriso que estava nos lábios desaparecer.

— Vim te contar que fiz um bolo de banana fit, mas você deve estar ocupado — rápido como entrou ela desapareceu fechando a porta em um rompante.

Mulheres.

Suspirei me levantando e a encontrei na cozinha mordendo o pedaço de bolo como se fosse um cão raivoso.

— Está duro ou você está descontando no coitadinho? — perguntei segurando-a pela cintura.

— Estou pensando que são suas bolas sendo arrebatadas pelos meus dentes ferozes — sua voz saiu baixa e sei que está magoada.

— Só de pensar nisso elas doeram — confessei a puxando para senta-la na parte vazia da ilha, me encaixando no meio das suas pernas.

— Achei que seriamos parceiros agora — a Jade ronronou feito uma gatinha enquanto fechava as pernas ao meu redor. — Mas já está escondendo coisas de mim — reclamou lambendo as pontas dos dedos onde havia resquícios do bolo.

O que só atiçou minha imaginação, o que anda cada vez mais frequente já que estamos há mais de um mês morando juntos e totalmente sem sexo.

Claro que eu entendo que a Jade está passando por uma recuperação que pode ou não ser demorada e em momento nenhum vou pressioná-la, mas isso não quer dizer que a atração que sinto por ela se foi, nem tenho como fingir que o desejo pela minha mulher não está em cada respiração, piscar dos olhos e balançar dos cabelos.

Infinitamente MinhaWhere stories live. Discover now