Capítulo 23

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— Caramba, isso aqui é tipo muito legal — o Lívio deu ênfase no muito enquanto pulava sentado na poltrona do avião.

Fiz questão que fossemos de primeira classe. Quero que o meu filho tenha a melhor experiência na primeira ida até o seu país natal e junto vou lhe dar todas as regalias que estiver ao meu alcance.

Sei que a Jade tem dinheiro e já dá uma ótima qualidade de vida ao Lívio, mas isso não me impede de gastar com ele também.

— Você sabe que não precisava né? — a Jade, que estava na poltrona ao lado dele, manifestou o esperado.

— Amiga, claro que precisava, eu acho é pouco — o Eddy falou animado ao meu lado.

Nós quatro estamos indo para o Brasil e mesmo a ideia sendo um passeio em família, ele estar nos acompanhando não me incomoda em nada, até porque o Eddy indo me deixa um pouco mais livre para sair com o meu filho.

E a Jade.

Estou tentando não nos colocar como uma família igual a um segundo atrás, o que (como dá para ver) tem sido uma tarefa cada vez mais difícil.

Conversei sobre nós com o doutor na última sessão e acabei concluindo que eu gosto e odeio a terapia — porque pensar assim é melhor do que assumir que o problema de fato está em mim.

— Me fala sobre a Jade — foi o Nash quem iniciou o assunto, como se ele soubesse que ela estava perturbando a minha cabeça.

— Por que? — tive que questionar já que foi algo realmente inesperado.

E eu já queria falar sobre ela.

— Nós já conversamos sobre muitas coisas, mas toda vez que toca no nome dela é superficial e rápido — explicou e eu levantei uma sobrancelha por nunca ter percebido.

— Não é verdade.

— Não? — insistiu e tive que ceder.

— Talvez seja.

— Tem algum motivo para isso?

— Acho que não.

— Pelo o que você me fala se dão bem — o doutor testou, me incentivando a entrar no assunto.

— Sim, sempre fomos amigos.

— Me conta como se conheceram — pediu e a memória veio sem que eu precisasse me esforçar.

Eu estava pegando uma gostosinha do colégio, as coisas começaram a esquentar e nós entramos no vestiário feminino. O sinal já tinha batido há um tempo e achamos que ninguém iria nos ver, apesar da ideia de ser pego me excitar bastante.

A menina já estava sem blusa e meu amiguinho bem animado, quando ouvimos um pigarro alto e forçado que nos fez afastar assustados com medo de ser a inspetora.

Mas era apenas uma magricela de olhos coloridos.

— Vão se comer em outro lugar — ouvi a voz infantil que a deixava mais nova do que deveria ser.

Reparei nela e porra, ela era muito bonita, os traços finos do seu rosto marcado e uma boca carnuda que lembrava bastante o formato de um coração. Porém ao descer os olhos pelo seu corpo o desinteresse surgiu por perceber que em uma pegada eu já a quebraria no meio.

Meninas magrinhas não fazem mesmo o meu estilo.

A gata que eu estava pegando colocou a camisa de volta e continuou se esfregando em mim.

— Vamos para outro lugar — se ofereceu, mas eu já tinha perdido o interesse.

— Depois a gente se vê gata — a dispensei e mordi meus lábios avaliando a magricela que mexia na sua bolsa sobre a pia como se não estivéssemos ali.

Infinitamente MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora