Capítulo 7

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— Mas qual a diferença de molho e passata? — perguntei procurando por alguma passata de tomate na prateleira.

Eu estava com o fone de ouvido sem fio em uma orelha, o celular no bolso em uma ligação com a Jana e a cesta de compras na mão, enquanto ela me auxiliava nas compras do mercado com aquela voz gostosa no meu ouvido.

Normalmente a Rita quem faz isso para mim, mas ela está com os dois netos doentes em casa e por isso desmarcou de vir no meu apartamento essa semana. Conheço a Rita há anos, ela é uma brasileira que veio para o Reino Unido ainda jovem para trabalhar e acabou se casando e ficando no país, sempre que estou por aqui peço para ela uma ajudinha com a casa e com o mercado porque eu sou péssimo nas duas coisas.

— Na verdade eu não sei não, mas a Angel diz que a passata é mais saudável então compra — ouvi o chuveiro ligando no fundo e soube que ela tinha acabado de chegar no chalé.

Aqui em Londres são nove horas da noite enquanto no Brasil é cinco da tarde, ela me falou que estava indo para casa porque os Gupper estavam saindo para conhecer o restaurante de um amigo do Emerson e ela não quis ir.

— Daria tudo para estar aí agora — falei olhando para os lados checando se ninguém estava no mesmo setor que eu, por sorte estava sozinho.

— E o que você estaria fazendo? — ela me atentou e só de a imaginar se ensaboando minha calça começou a ficar desconfortável.

— Você quer que eu tenha uma ereção no meio do mercado? — resmunguei baixinho e ouvi a risada dela do outro lado.

— Compra a passata amor e para de me imaginar no banho.

— Assim fica muito difícil, quero te comer muito mais do que essa comida — falei encontrando o vidro da maldita passata, jogando-o no cesto.

— Então vou ter que desligar e te ligar depois — o barulho do chuveiro ligado e da água caindo estava me enlouquecendo, eu ajustei disfarçadamente meu cacete no jeans e forcei a garganta a desfazer o bolo que já estava formado.

— Faça isso, mas me mande uma foto — pedi jogando um macarrão integral no carrinho também. — O que vai fazer hoje à noite? Podemos fazer uma videochamada quando eu chegar — propus e a linha ficou muda por alguns segundos.

— Estou muito cansada, as meninas me deram um baile e tudo o que quero é dormir, amanhã nós conversamos.

— Hum — resmungei contrariado porque não era nem seis horas para já ir dormir, mas antes que eu pudesse protestar ela se apressou em se despedir.

— Para de safadeza, até mais amor — a sem vergonha estava rindo quando encerrou a gravação.

Acho que estamos bem né? Finalmente depois de semanas as coisas parecem estar voltando aos trilhos.

Pelo menos um pouco melhor.

Tirei o fone do ouvido e estava distraído o guardando quando entrei no corredor ao lado e ouvi a voz feminina e fina da Jade.

— Não é possível, você está me seguindo?

Demorei um tempo para processar a magrela na minha frente com roupas de academia, o carrinho cheio de comida e um olhar fuzilante para mim.

— Boa noite para você também — sorri para sua cara de brava voltada para mim, como se fosse me bater a qualquer momento sendo que ela só tem tamanho, mas não tem mais do que cinquenta quilos. — Não recebi a sua mensagem.

— Eu não mandei — ela levantou uma sobrancelha de fios grandes e bonitos e tirou as mãos do carrinho cruzando os braços.

— E o lance de recomeçarmos a amizade?

Infinitamente MinhaWhere stories live. Discover now