Capítulo 21

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Eu amo a tecnologia.

Comecei a seguir meu filho nas redes sociais e meu coração foi na boca quando ele me seguiu de volta.

Nunca tive esse sentimento de ansiedade em relação a nada antes, rede social sempre me pareceu só uma otimização de tempo para encontrar uma boa foda e nunca nem pensei que pudesse me ajudar com a socialização e relacionamento com meu filho.

— Nunca mais vou reclamar de você, eu prometo — falei sozinho com o meu celular entrando no seu perfil assim que apareceu a notificação da solicitação de amizade aceita.

Imediatamente comecei a estalquear minha cópia mirim. O que não me levou a nada já que ele realmente é reservado e no seu perfil tem poucas fotos e nenhuma mostrava o seu rosto, eram apenas paisagens, fotos dos seus tênis e print de vitórias no computador.

Meu filho é tipo um nerd de jogo.

— Preciso aprender a jogar Counter Strike — comentei com o Eddy assim que ele entrou na minha sala sem bater.

— Nunca pensei que iria dizer isso chefinho, mas tem que sair um pouco desse celular, estou vendo você da minha mesa há mais de uma hora vidrado nisso aí, sabia que não faz bem para a saúde? — ele estava nitidamente zombando da minha cara e eu cerrei os olhos na sua direção deixando o aparelho sobre a mesa.

— Não se exercitar também faz Eddy, quando vai aceitar ir na academia comigo? — perguntei cruzando os braços ficando de frente para ele ao girar com a cadeira.

— É uma proposta realmente tentadora chefinho, mas nem mesmo você e uma academia cheia de bombados suados faz minha vontade por musculação aparecer — brincou me entregando alguns documentos que solicitei pela manhã.

— Tem que mexer esse esqueleto.

— Minha hérnia de disco discorda de você — nós rimos e só então me dei conta de que fazia um bom tempo que não me sentia leve assim, acho que desde o começo do ano, quando minha vida ainda não era essa bola de neve ambulante. — É bom te ver de bom humor — o ouvi falar antes de deixar a sala e sorri para algum ponto aleatório concordando mentalmente.

Peguei meu celular e busquei o número da Jade. Dei um tempo para que eles pudessem viver o luto, a encontrei na academia umas três vezes essa semana e conversamos bastante na lanchonete sobre como está sendo para ela e o Lívio. Hoje completa duas semanas desde o falecimento e na nossa última conversa senti que já poderia me aproximar mais sem parecer que estou me aproveitando da situação.

— Oi margarida — atendeu com seu jeito despojado de sempre.

Acho que ela é meio hipster.

— Oi, como estão? — com o celular no viva a voz comecei a mexer distraidamente a caneta entre meus dedos.

— Ah, você sabe como é, o Lívio não é muito de demonstrar sentimentos, aparentemente está bem — ela suspirou e pelo som ecoado percebi que estava no banheiro.

— Está dentro de um túnel?

— Não, no banheiro da companhia me trocando, encerrei minha última aula agora — não sei dizer como, mas tenho certeza que ela revirou os olhos no meio da frase por ter que responder essa pergunta boba.

— Eu estava pensando se podia ir ver o Lívio hoje — propus com o coração acelerado.

É realmente engraçado esse lance de ser pai, o êxtase, ansiedade e incerteza que some e aparece a todo momento.

— Eu acho ótimo — percebi o sorriso na sua voz.

— Jura? — perguntei surpreso.

— Claro, você sabe como adolescentes são demasiados, ele já está achando que você desistiu dele.

Infinitamente MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora