Capítulo 22

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— E aí irmão, como você está? — atendi a videochamada do Jorge colocando o celular no apoio do carro para continuar dirigindo.

— Fodido cara — desviei o olhar da estrada para olhar a tela e ele parecia realmente acabado. — Minha mulher não está falando comigo e me colocou para dormir no sofá.

— Ela descobriu? — perguntei alarmado.

— Ela só suspeita, fica repetindo para eu dizer logo o nome da minha amante e ir morar com ela... Ela não diz exatamente a palavra amante, começa com vagabunda e eu paro de ouvir quanto ultrapassa rampeira.

Quando parei no farol consegui olhar direito para ele, estava com olheiras profundas e a parte que dava para ver da camisa toda amassada, mas o pior de tudo é a tristeza estampada no seu rosto.

— Jorge, acho que chegou a hora de contar para ela. Você já se decidiu?

— E eu lá estou com cara de quem decidiu alguma coisa Otávio — cuspiu grosseiro.

— Desculpa aí  — estacionei o carro na frente da casa da Jade e o desliguei. — Se não quer ouvir meus conselhos, por que me ligou?

— Sei lá cara, que dia você vem? — estranhei sua pergunta antes de me tocar que eu teria que ir para o Brasil em breve.

Puts, esqueci completamente. Está tudo indo tão bem com o Lívio, não queria me afastar agora — torci os lábios tentando achar uma solução.

— Preciso que esteja aqui, você sabe.

— Vou ver o que eu faço — fechei a cara e percebi meu humor querendo se alterar, mas eu não iria deixar isso acontecer.

Nos despedimos e sai do carro checando as mensagens a caminho da porta, tinha uma do Lívio perguntando se eu estava vindo de jegue e ri de como ele é parecido fisicamente comigo, mas tinha o senso de humor igual ao da Jade.

Toquei a campainha e não demorou nem um minuto para ele aparecer vestindo uma camisa larga e bermuda.

— Sua mãe vai te matar se te ver andando descalço — constatei o fato e ele me deu passagem para entrar.

— Ainda bem que ela saiu e que você não vai contar, — soava uma afirmação, mas eu consegui sentir a dúvida e sorri de lado sentando no sofá.

— Vou pensar no seu caso — deixei o mistério no ar e ele revirou os olhos, outra mania que já percebi ter puxado dela.

— Vamos pedir a pizza? Estou morrendo de fome — ele pegou o controle remoto e começou a mexer na televisão. — Vamos continuar assistindo aquele filme?

No domingo nós começamos a assistir um filme de ação e acabou que cochilamos, a Jade nos acordou e eu prometi que voltaria hoje para continuar de onde paramos.

Assenti para ele e desbloqueei o celular para pedir a pizza, compramos uma de pepperoni, assim que confirmou o pedido e me certifiquei de que já estava sendo preparado eu deixei meu celular de lado.

— Cadê a sua mãe?

— Saiu para um encontro — respondeu se levantando e correndo para a cozinha.

— Em plena terça-feira? — gritei para que ele me escutasse do outro cômodo.

— Tem dia para encontros? — questionou voltando com um litro de suco de laranja e dois copos.

— Final de semana — fechei a cara querendo não sentir ciúme, só que anda sendo incontrolável.

— Olha, se gosta dela deveria falar isso para ela — seu tom de voz saiu ameno e eu me perguntei em que momento da vida dormi e acordei pai de um conselheiro.

Infinitamente MinhaWhere stories live. Discover now