Capítulo 12

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Quando abri os olhos me veio novamente a sensação de que algo estava muito errado. E nem é só por causa da puta ressaca que rodou minha cabeça e me fez correr até o vaso vomitar.

Eu não sei que porra de rumo que minha vida tomou e não faço a mínima ideia de como continuar... Até faço, sei que tenho que aguardar a obra em Sorocaba terminar para enfim tomar a decisão, mas é um saco ter que esperar.

Tomei um banho visando melhorar a tontura e voltei para o quarto somente com a toalha enrolada na cintura, quando apertei o botão para as cortinas se abrirem percebi algo que não tinha percebido antes, havia duas mulheres nuas na minha cama.

Parabéns Otávio, suas raízes estão voltando. Uma voz do caralho sussurrou na minha cabeça e eu só fui capaz de apertar os olhos entre o dedão e o indicador.

Naquele diálogo fictício você poderia me dizer duas coisas:

A primeira seria que estou certo em meter o louco depois que minha mulher me liga e diz que está oficialmente namorando outro.

A segunda seria que eu sou um otário por estar metendo o louco quando prometi que esperaria e a amaria até o último dia da minha vida.

Mas é foda — foda pra caralho! — ter que passar por isso.

Quando começamos a nos relacionar com alguém pensamos em várias hipóteses de como pode dar certo ou errado, em nenhuma delas havia uma pessoa com câncer terminal, acho que ninguém imagina algo assim e não tem como me preparar para isso.

Ela está certa em dizer que se fosse ao contrário eu faria o mesmo, porque eu faria mesmo, se alguém que me importo estivesse com os dias na terra contados eu viajaria o mundo ao lado da pessoa se ela me pedisse.

Não a julgo por isso, apesar de doer muito imaginar outro tocando seu corpo ou sua mente, o que dói mesmo são as mentiras e o jeito que ela escolheu lidar com a situação, fico imaginando como a Janaína vai lidar com futuros problemas que venhamos a ter. Porque todo mundo tem problema e teremos que lidar com cada um.

As duas meninas continuaram dormindo mesmo após a claridade dar o ar da graça no quarto, caminhei até a cômoda e peguei meu celular torcendo para não ter feito merda com mensagens embriagadas.

"Oi, está tudo bem?" a Jade tinha mandado mensagem algumas horas depois que a respondi com aquela grosseria toda.

Torci para que não tivesse mandado nada, mas tinha dois áudios meus enviado quarenta minutos depois.

"Jade vem aqui no Stuart, está tendo festa temática e tá lotado de mulher gostosa", "tem uns caras boa pinta também para você, cola" eu estava gritando e forçando a voz a ficar mais alta que o som.

Só tinha uma mensagem dela depois dos meus áudios.

"Você é um idiota!".

Ótimo, só o que faltava era eu acabar com a única amizade sincera que tenho aqui em Londres.

Parabéns Otávio, troféu de maior imbecil da face da terra conquistado com sucesso.

Não tinha nenhuma mensagem da Janaína depois da ligação, só algumas mensagens de clientes, contratantes e uma do Emerson que ignorei junto com as demais.

— Merda — resmunguei deixando o celular ali e as meninas acabaram acordando.

Vesti uma roupa, ofereci comida e carona para elas, mas fui dispensado com um êxito invejável.

Olhei o horário e era nove da manhã, como eu sei que as sextas a Jade vai na academia dez e meia, corri fazer um pré treino para comer e me juntar a ela para tentar explicar o que aconteceu.

Infinitamente MinhaWhere stories live. Discover now