Capítulo 46

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— Você vai ficar bem, neném da mamãe? — a Jade estava agarrada ao Lívio, apertando os braços em um abraço de urso, de tal maneira que eu jurei ouvir os ossinhos dele entortando tamanha a pressão.

— Mãe, são só alguns meses — nosso filho reclamou do drama maternal e eu passei os braços entre eles trazendo-os para um abraço em família.

— Vamos sentir sua falta filho — mantive o abraço até que seus dois amigos pestes começaram a zoar.

— Aí que lindinho o neném da mamãe — um deles falou rindo enquanto o outro o seguia tirando uma foto do nosso momento.

— Vocês são uns chatos — o Lívio reclamou, me poupando de dizer a mesma coisa.

A Jade não estava brincando quando falou sobre nos mudarmos para o Brasil, então na semana seguinte ela já estava matriculando o nosso filho na escola e até apareceu com panfletos de faculdades, expandindo para opções nas regiões e até na grande São Paulo — ela está empolgada.

Como o ano letivo já começou e a nossa casa em Sorocaba ainda não está pronta — além de precisarmos acertar alguns pontos da mudança —, conversamos com o Emerson e a Angel e combinamos de o Lívio ficar o tempo que for necessário morando com eles até conseguirmos ir também.

Engraçado as nuances da vida; há pouco tempo ele estava indo conosco fazer sua primeira viagem internacional e agora está indo morar sozinho — por favor, aspas nesse sozinho —, no Brasil por alguns meses.

— Meu Deus, está mesmo acontecendo, nosso menininho está crescendo — a Jade, no seu modo mãe coruja, falava como se ele estivesse indo para uma guerra e eu sorri passando meu braço pelo seu quadril, juntando nossos corpos em um abraço lateral.

O assistimos entregar a passagem para uma moça e então ele acenou uma última vez antes de desaparecer da nossa vista.

— Somos pais de um adolescente — suspirei sentindo a melancolia me alcançar.

— Pais de um pai adolescente que é chamado de neném — um dos gêmeos falou, ironizando o apelido infantil da Jade para o amigo, e sem deixar barato ela deu seu eventual soco no ombro nele. — Aí tia — reclamou passando a mão no local em que ela bateu.

— Vamos comer alguma coisa antes de vocês voltarem para casa — minha mulher propôs e nós três adoramos a ideia, considerando que já estávamos há mais de cinco horas no aeroporto porque o voo atrasou.

— Enfim em casa — exclamei de braços abertos entrando no apartamento, aproveitando para me espreguiçar e estalar algumas articulações no processo.

Quando saímos estava com o meu filho e com a barriga vazia, agora ele está longe, mas pelo menos estou de barriga cheia.

— Acho que não foi uma boa ideia deixá-lo sozinho no Brasil — a insegurança da minha bela bailarina bateu e eu a envolvi pela cintura, firmando-a em meus braços.

— Será por pouco tempo, antes que ele pense em curtir nós já estaremos cortando suas asas e lhe cobrando responsabilidades — perdi meu nariz pelas madeixas do seu cabelo fino e sedoso.

A Jade ronronou manhosa, gostando do cheiro no cangote que dei, seus braços envolveram meu pescoço e eu aproveitei para apertar a carne gostosa da sua bunda, suspirando sobre seus lábios de nuvem.

— Acha loucura o que estamos fazendo? — suas mãos passeiam pelos meus ombros e descem distraidamente pela minha camisa.

— Com certeza a melhor loucura da minha vida — garanto prendendo meus lábios aos seus.

— Tenho medo de no fundo só estar querendo fugir — confidencia ao romper o beijo.

Ela apoia o rosto no meu peito e eu subo enlaçando os braços ao redor da sua cintura.

Infinitamente MinhaWhere stories live. Discover now