Capítulo 34

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- E aí filhão - cumprimentei o Lívio assim que ele entrou no carro com a mochila.

Apesar de estar me ignorando completamente, a Jade me mandou uma mensagem pedindo para que eu o pegasse na casa do amigo asiático e não perdi tempo em respondê-la.

Posso ser trouxa, mas já falei que não vou desperdiçar mais tempo quando o assunto for o meu filho.

- Espera aí pai, eles vão lá para casa - eu já estava saindo com o carro quando me parou.

- Eles? - questionei confuso.

- Sim, o Boca e o Mclovin - assim que me respondeu os dois asiáticos saíram da casa e se apressaram para entrar no carro.

- Caramba, são dois - falei assustado.

- Não sabia não tio? - um deles falou, só não tenho noção de qual.

- Não fazia ideia, são muito parecidos - queria comentar que asiáticos já são parecidos sem ser gêmeos, mas fiquei com receio de ofendê-los, além de ser um comentário inútil, então me calei.

- Você viaja pai - meu próprio filho me tirou e eu só fui capaz de encará-lo de boca aberta.

- Estou ficando velho mesmo - resmunguei olhando pelo retrovisor para dar partida.

- Eu falo deles pelo menos uma vez sempre que nos vemos.

- Pois é, preciso anotar isso - resmunguei e ele só me olhou com a sobrancelha erguida.

- Me empresta aqui o seu celular - peguei o aparelho que estava no meu bolso e o entreguei já desbloqueado com o reconhecimento facial.

- Dois, dois, dois, dois - ditei a senha mesmo sem necessidade e pelo canto do olho o vi revirar os seus.

- Você é muito velho.

- Obrigado pela parte que me toca.

- Coloca Drake - um dos amigos pediu e não demorou muito para que a música começasse a tocar.

- Pai, tem uma mensagem aqui de uma tal de Bittencourt - o Lívio falou e meu coração nem se acelerou com a notícia.

- Ignora - pedi e ele fez um estralo com a boca.

- Ixi, abri sem querer - confessou e eu fiz uma careta pegando o celular da sua mão, foi bem a tempo de parar o carro no farol vermelho, então olhei o conteúdo.

"Pensei muito antes de te mandar essa mensagem. Estamos perto do Natal e não sei o que estou fazendo da minha vida, ao mesmo tempo em que acho que estou fazendo a coisa certa, não paro de pensar em você Otávio. Estou acompanhando suas redes sociais e mesmo sem postar abertamente sei que está com a mulher que é mãe do seu filho, mas por favor não se esqueça de mim, ainda sinto sua falta".

Bloqueei o celular assim que li a mensagem e não sei dizer se minha cara era das melhores, porque assim que o sinal mudou e arranquei com o carro, o Lívio me analisou.

- Não vou dizer nada para a mamãe - testou meu humor e eu só fiz um gesto de negação com a cabeça.

- Nem sei se tem algo a dizer - resmunguei entrando na rua da casa deles. - A Janaína já não faz parte da minha vida, de vez em quando acho que bate a recaída e ela me manda umas mensagens aleatórias - contei para o meu filho, porque não tinha motivo nenhum para esconder.

Faz um tempo que não sinto mais a falta dela, sua ausência já não significa nada, a não ser um futuro que não passou de uma promessa. Não sei se a Jade tem alguma parcela nisso, talvez as consultas com o doutor Nash... Não importa, o que importa é que diferente do Natal passado, nesse a Janaína já não faz mais parte da minha vida, assim como não existe mais a premissa de uma família que a envolva.

Infinitamente MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora