Feentina: A nova guardiã real

Capítulo 34

— Os Delkkins são uma das três raças feéricas. Eles são seres elementares da terra e tem domínio sobre a feitiçaria, e dizem que eles são ótimos com rituais. Sabe-se que as principais armas usadas pelos Delkkins são machados, arco-e-flechas e chicotes — informava Mildran, que substituía Michael naquela manhã de sexta-feira na aula de Estudo de Raças.

Sentado na única cadeira no amplo espaço de aparência rústica de uma das torres do lado leste da instituição, o professor juntou as mãos acima da mesa de madeira, olhando para as duas turmas unificadas, totalizando 500 alunos.

— Os Delkkins são os últimos das três raças feéricas, e a raça declinada à maldade — continuou. — Enquanto os Selnis moram em montanhas altíssimas e nós, Fadas, moramos na superfície, os Delkkins vivem em cavernas subterrâneas. Alguém poderia me responder o por quê?

— Primeiro porque as outras duas raças o excluíram, e segundo porque eles são sensíveis à luz — respondeu Darah e o professor olhou para ela com interesse.

— Interessante sua sequência de porquês. Poderia nos explicar o motivo em ter colocado a exclusão deles antes da sensibilidade à luz?

Os alunos do primeiro e segundo semestres olharam do professor Mildran para a princesa, aguardando pela resposta da última.

— Porque, obviamente, foi o preconceito que os levaram a se afastarem da superfície.

— Não acho que tenha sido preconceito, era mais como uma medida de proteção. Os Delkkins são os descendentes dos elfos da escuridão, e há teorias que afirmam que eles também são descendentes dos goblins, duas raças totalmente inclinadas ao mal — argumentou Joice, uma primeiranista.

— E dai? — Darlan franziu a testa ao olhar para a garota. — Só porque o Daniel é um merda significa que os filhos dele também serão?

— Acho que você deveria se preocupar mais consigo mesmo, senhor Wang, já que o seu nível de arrogância e agressividade pode ser um pouco preocupante. — Daniel escondia arrogância atrás do sorriso que abriu, esperando que suas palavras atingissem Darlan, mas, ao contrário do que esperava, o garoto de olhos puxados deu sorriso contido que demonstrava pura arrogância e um pouco de maliciosidade.

— A aula é sobre os Delkkins, não sobre os defeitos de vocês — disse Mildran, cortando as provocações entre Daniel e Darlan. — Agora podemos voltar ao assunto da aula? — Silêncio. — Ótimo!

Arabelle ergueu o dedo indicador e, após o professor gesticular com as mãos para que ela falasse, ela abaixou o braço, juntou as mãos acima do livro apoiado nas próprias pernas e perguntou:

— Aqui no livro diz que os Delkkins possuem uma inimizade principalmente com os Selnis, por quê?

— Lá pelos anos de 657 a 666 o mundo Arret enfrentou o seu maior perigo de extinção ao ser dominado por monstros. Pela primeira vez durante toda a história, todas as raças se aliaram para travar uma guerra contra um inimigo em comum. Os monstros foram derrotados, mas a guerra levou a extinção de várias raças, incluindo a notável ave fênix — relatou o professor.

Darah endireitou ainda mais a postura, sentada no chão da torre entre Lionel e Arabelle, focando toda a sua atenção nas palavras de Mildran, assim como os demais alunos.

— Acredita-se que as fadas e os elfos foram originados com a junção das poucas raças sobreviventes, e eles viviam em tranquilidade, até que a segunda subdivisão dos elfos, os chamados elfos da escuridão, se rebelaram contra os elfos da luz. Pelas décadas seguintes, os elfos da luz e os elfos da escuridão continuaram a se enfrentar e isso quase levou à extinção de ambos, obrigando-os a se afastarem.