Capítulo 41

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Houve um minuto de total silêncio antes que o barulho da ponta do lápis contra a folha de papel voltasse a soar entre eles

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Houve um minuto de total silêncio antes que o barulho da ponta do lápis contra a folha de papel voltasse a soar entre eles. Lionel rabiscou cautelosamente os traços dos olhos amendoados, sua mão tremia quando começou a pintar de preto as íris do retrato falado.

— Você conhece ele? — perguntou Darah com a voz baixa, sentindo o coração se apertar no peito. Ainda tinha esperanças de que Lionel negasse. Ela mirou as mãos trêmulas do garoto, os dedos que seguravam o lápis pararam, finalmente terminando o desenho.

— Seirus Dynell. — Tristeza nublou as íris negras. — Meu pai.

Darah pressionou os lábios e permaneceu em silêncio enquanto absorvia a informação, até que o silêncio começou a incomodá-la, instigando-a a perguntar:

— Você sabia que ele continuava vivo?

— Ele nos abandonou sete anos atrás — contou com o olhar fixo no desenho. —, não tinha como eu ter certeza, mas... acho que alguma parte de mim sempre soube que ele continuava vivo. — A garota assentiu levemente enquanto pousava uma mão sob o ombro dele. O gesto trouxe uma sensação de segurança ao garoto, que juntou as mãos sob as pernas e continuou a falar: — Desde que eu me lembro, ele sempre foi agressivo e parecia ter alguma obsessão por poder. Por mais que eu tentasse, nunca conseguia alcançar as expectativas dele e isso o irritava ao ponto dele descontar em...

Lionel engoliu em seco e desviou o olhar do desenho. Darah viu o medo presente na vasta escuridão dos olhos do amigo quando seus olhares se encontraram por um segundo antes de Lionel olhar para as próprias mãos no colo; ela tensionou a mandíbula sentindo o sangue ferver. Como um pai poderia fazer aquilo com o próprio filho?

— Ele vivia dizendo que a única razão para ter filho com uma fada foi para que tivesse um descendente capaz de derrotar o irmão dele, mas ao invés disso, teve um filho inútil. — A cada frase a voz do garoto ficava cada vez mais baixa e o sangue de Darah fervia cada vez mais.

— Você não é inútil! — disse Darah ao parar de tensionar a mandíbula, ela respirou lentamente para se acalmar e apertou o ombro do amigo com a mão que ainda pousava ali, mas Lionel balançou negativamente a cabeça.

— Eu sou. Eu sei que eu sou. Algumas cicatrizes da minha avó foram por minha culpa. A amargura da minha mãe também — afirmou ainda com o olhar fixo nas próprias mãos. — Você não precisa me consolar ou dizer que eu era novo demais, eu sei que você também carrega culpas como essas... — Olhou de escanteio para a princesa. — Piores, até.

Darah não podia negar. Ela entendia perfeitamente os sentimentos de Lionel, também se sentia inútil por várias coisas que não conseguiu fazer, inclusive por não ter conseguido evitar a morte da sua antiga amiga delkkin, da mãe e de um outro alguém a qual ela não se atrevia a falar.

Em silêncio, a garota mordeu o lábio inferior internamente e encarou o desenho retrato. Ao mesmo tempo que os olhos do macho adulto eram inegavelmente iguais aos de Lionel, também eram indiscutivelmente diferentes. Embora tivessem o mesmo formato amendoado e as mesmas íris pretas, o sentimento expressado por elas eram opostas. Darah então lembrou do que dissera ao amigo durante uma das festas secretas no subterrâneo.

Feentina: A nova guardiã realWhere stories live. Discover now