Capitolo Due

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Leonardo Callegari


'' Tre, due, uno!!''

Todos gritaram juntos assim que a champanhe fora estourada e o líquido refrescante da bebida sujou os dedos da bela bartender vestida com roupas minúsculas. Nem acreditava que o meu melhor amigo de anos estava se tornando o capo da máfia do próprio pai. Havia assistido Filippo ir de menino à homem em poucos anos e estava extremamente orgulhoso de sua evolução.
Bem, da forma que encarava uma das dançarinas sobre o palco com pole dance da boate que estávamos, não poderia deixar de admitir que só tinha uma parte que havia evoluído nele:

- Acho que deveria me casar com ela... – Filippo estava jogado em um dos sofás de couro que contornavam o palco. Falava coisas sem sentido e provavelmente, estava pensando com o tesão naquele instante.
Estávamos eu, ele, Fausto Silvestri, um outro segurança particular dele e outros homens espalhados por cada perímetro daquele lugar. Meu patrão e amigo era um sujeito totalmente precavido e nunca foi do tipo de sair sem uma boa guarda para lhe acompanhar.

Não que ele tivesse medo ou algo do tipo, Filippo era um dos homens mais durões que conhecia, mas sabia também que era o cara mais família do mundo e como sua irmã mais nova já havia abandonado o Don Fontana junto com a mãe quando mais adolescente, ele jamais se perdoaria caso algo acontecesse com ele também.

A forma como encarava a bela stripper, me fez crer que ele estava completamente bêbado. A ruiva jogava os cabelos pra frente e rebolava o quadril de um lado para o outro, com os olhos fixos no capo da máfia que bebia uma cerveja e vez ou outra, dava goles na taça do champanhe que havíamos aberto para comemorar sua promoção:

- Quero filhos ruivos, acha que irão nascer bonitos? – Seus olhos não encaravam os meus e imaginei que estava basicamente falando sozinho, não comigo.

Eu ri, tomando um gole de minha cerveja e recebendo um olhar provocante da dançarina, que se virou de costas e começou a se exibir, fazendo o que fazia de melhor. Mesmo com o som alto dentro do local, não pude deixar de ouvir Filippo suspirando encantado e bebendo mais de sua cerveja.

- Fica de olho nele, Fausto? Vou ao banheiro.

Pedi, me colocando de pé e vendo que Filippo continuava com os olhos fixos na mulher. Aquela noite ele estava descontrolado, nem parecia que no dia seguinte, sua irmã estaria voltando a Nápoles. Esperava que não acordasse de ressaca, dolorido e com dores de cabeça, para então  me mandar buscar sozinho a dona.

Me afastei assim que tive a chance, ajeitando minha arma no cós de minha calça e aproveitando para passar os olhos no local mais uma vez. Estávamos em guerra e por mais que aquela noite fosse uma comemoração, não esperávamos cordialidade vinda dos Sorrentino.

Os desgraçados estavam cercando Napoli e todas as cidades que nos pertenciam em torno dela. Carlo Sorrentino havia desistido do tratado que combinou com Don Fontana há trinta anos atrás e agora a guerra ao poder estava declarada. E com a irmã mais nova de Filippo voltando à cidade, teríamos que redobrar os cuidados, principalmente pela mulher não saber quem eram os inimigos e quem eram os nossos associados.

Entrei no banheiro e segui direto a pia livre, molhando a palma das mãos, para também molhar o rosto. Encarei meu reflexo no espelho e fiquei feliz em saber que minha feição estava infinitamente melhor do que a de meu chefe. Meus olhos esverdeados seguiam atentos, os cabelos pretos bagunçados devido ao calor da noite e a barba escura bem-feita. Don Fontana prezava muito que estivéssemos bem-vestidos e bem cuidados, principalmente aqueles que andavam mais próximos de sua família.

São Só Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IWhere stories live. Discover now