Capitolo Sedici

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O dia seguinte chegou mais rápido do que eu queria. 

Não vi Leonardo e somente trocamos algumas mensagens. Ele parecia tenso sobre o que estava acontecendo em minha vida, mas já o conhecia o suficiente para saber que não daria sua opinião sobre o que eu deveria fazer.

Mesmo sem ter falado com meu pai ou Filippo pela manhã, decidi ir até a mansão Sorrentino e impor alguns limites dentro daquela proposta que havia recebido de Fabrizio. Não conseguia sequer pensar em homens se reunindo para falar o que deveriam ou não fazer comigo! Por isso preferi não informar a ninguém.

Estava terminando meu café da manhã quando Leonardo surgiu na porta e seus olhos me mediram dos pés à cabeça. Sua saudade era nítida e me arrepiou inteira. Minha vontade era cortar aquela cozinha em passos rápidos, beijá-lo até perdermos o fôlego e as roupas. Mas ali, agora, as funcionárias cuidavam da limpeza das louças de café, enquanto outras se revezavam num livro de receitas sobre o que fariam no jantar:

- Buongiorno, senhorita Fontana.

- Bom dia, Leonardo. - Pode por favor me abraçar bem forte e dizer que tudo o que tenho vivido nesses últimos dois dias não passam de um pesadelo? Completei mentalmente, mas lhe dando só um sorriso suave.

Saí dali no mesmo instante, feliz de saber que poderia sair da casa com ele e ter um momento de paz, nem que fosse um pouquinho. Meu plano de ir até a mansão dos Sorrentino ainda estava de pé, mas ver Leonardo ali, fez aquela angústia que estava me tomando se esvair um pouquinho.

Ele abriu a porta do passageiro para mim e quando entrei no carro, fechei os olhos e respirei profundamente, esperando que também entrasse. Quando o fez e acelerou para longe de qualquer possível testemunha de nosso caso escondido, me estiquei sobre o banco e afundei o rosto em seu pescoço, sentindo o cheiro gostoso de sua pele, misturada com aquele perfume perfeito, que me fez murmurar baixinho:

- Estou tão cansada de tudo. Estou cansada dessa vida, de te manter escondido e agora ter que me envolver com outra pessoa sem querer. 

- Seu irmão pediu para que eu não me envolvesse nesse assunto... - Foi a vez de Leo suspirar - Mas também implorou para que eu não virasse as costas pra você. - Ele riu, mas senti indignação em seu riso - Como se fosse fácil observar outro flertar ou tentar te tocar.

Aquela frase me acertou em cheio e afundei a mão em seus cabelos pretos, acariciando-os e ainda com o rosto afundado em seu pescoço. Eu o tocava em silêncio, porque através daqueles movimentos, tentava demonstrar a necessidade que tinha de querer ele. Apenas ele. Como pediria para que ele me dirigir até a mansão dos Sorrentino?
Minha garganta estava travada.

- Você me perdoa?

- Pelo que? Por ter chamado a atenção daquele otário? - Ele deu de ombros e parou o carro em um sinal vermelho, depois respirou profundamente, como quem estivesse tentando relaxar - Tem algum lugar que eu devo levá-la hoje ou posso te levar pra minha casa?

Aquela era uma proposta tentadora, mas precisava resolver a minha vida. Precisava saber o que é que Fabrizio tinha em mente. Se aquele homem era mesmo tão cruel e mesquinho como falavam e estava me usando para crescer seu império em cima de minha família.

- Me leve até a mansão dos Sorrentino. - Me afastei, para poder encarar seu rosto através do retrovisor e o notei surpreso, antes que me dissesse algo, o interrompi - Por favor, não conte a Filippo ou a meu pai, Leo. Eu estou cansada de vê-los cuidando da minha vida.

Ele não respondeu à aquilo, mas também não trocou nenhuma palavra a mais comigo. Não sabia dizer se estava com raiva da minha negativa sobre seu pedido, se estava com ciúmes ou só se controlando preocupado com o que poderia acontecer na casa de seu rival. Não que eu fosse permitir que Fabrizio me tocasse, mas flertes e olhares cheios de segundas intenções já eram um prato cheio para ciumentos.

São Só Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IWhere stories live. Discover now