Capitolo Venticinque

1.9K 225 166
                                    


Não havia nada melhor para recuperar a autoestima de uma mulher, do que um belo salto alto, um vestido caro e um batom vermelho. Fiquei encarando meu reflexo no espelho durante alguns minutos, gostando do que estava vendo e criando um mantra mental de que tudo ficaria bem, que aquela era só uma fase. Ainda estava pensando se contaria à Filippo o que tinha acontecido entre mim e Fabrizio mais cedo, mas tinha medo de deixar a tensão entre os dois ainda maior. Não queria carregar aquela culpa.

Ele foi tão grosseiro, tão possessivo! Imaginei que o que aconteceu tivesse algo a ver com seu passado junto de meu irmão e aquela situação toda o levou de volta para quando tinha perdido Francesca. Pelo menos, era o que eu esperava. Eu sempre tentava ver o lado bom das pessoas mesmo...

Eu não era um território, não era uma mercadoria. Eu não era de ninguém!! Mas mesmo assim, minha mente estava presa ao que aconteceria à Leonardo, se trocássemos algumas palavras na frente dele. Minha maior preocupação era ele e sua família.

Nina viria até aqui me encontrar e quando vi meu celular vibrando, o peguei imaginando que ela tinha me mandado uma mensagem, mas bufei baixinho ao ver que se tratava de Fabrizio. Ele já havia digitado textos e textos, pedindo desculpas e dizendo que tinha perdido a razão ao descobrir o que tinha acontecido entre Leo e eu. Não queria respondê-lo e nem iria. Aquela noite tiraria para aproveitar muito e fazer o que deveria ter feito desde que coloquei meus pés em Nápoles: curtir a minha própria vida.

Minha prima chegou pouco tempo depois e estava maravilhosa de tão linda. Depois de trocarmos um abraço bem apertado, entramos em seu carro e ela abriu um largo sorriso, assumindo o banco de motorista e revirando os olhos, quando o carro de Fausto acendeu as luzes dianteiras atrás do nosso:

- Como eu odeio seguranças! Preferia que o Leonardo cuidasse da gente, pelo menos ele é uma gracinha. - Nina deu de ombros e me olhou. - Como está se adaptando a essa mudança? Vocês já se tratavam meio como amigos, né?

- Acho que sou uma pessoa bem adaptável. O Leo merecia essa promoção, é nítida a forma como ama e respeita o Filippo. - Desviei o olhar do dela, encarando meu reflexo através do retrovisor, só para ver se minha feição não tinha mudado ao falar dele.

Ela não continuou o assunto, mas ligou o rádio e uma música animada começou a tocar. Eu amava a vibe de Nina e tentei me apegar a isso conforme ela dirigia rumo a uma das baladas de Filippo. Não sabia se meu irmão estaria por lá, já que seu foco agora era outro e principalmente, por ser um Don, não poderia estar em meio de multidões. Seria muito mais fácil o atacarem assim e pela maneira que ele e Fabrizio estavam se peitando, não duvidava de que ele tentaria se preservar o máximo possível agora. O que me deixava até aliviada.

- Tem gostado de morar aqui? Sinto muito que não tenha dado certo com Santiago, ele parecia tão legal. - Nina voltou a sorrir - Mas as aparências enganam, né? Meu papa disse que agora você está saindo com o filho do Don Sorrentino. Como está sendo?

As notícias estavam correndo bem rápido. O que era pra ser só algo que envolvia as famílias da máfia, já deveriam estar espalhadas pelos quatro cantos da Itália. A filha do grandíssimo Don Fontana, prometida e entregue ao filho de Don Sorrentino. Me sentia presa ao século passado e respirei fundo, só para não chorar de novo e borrar a maquiagem.

- Sinto falta dos californianos. Apesar de todos terem beijos com sabor de maconha, eram muito mais tranquilos do que todos esses homens explodindo testosterona, armados o tempo todo. - Dei de ombros, respirando fundo mais uma vez.

Nina estendeu a mão e tocou a minha, fazendo com que eu a encarasse nos olhos e deu um sorriso terno, dando uma piscadinha em seguida, como se tentasse me fazer relaxar:
- E que tal hoje você ser só a Catarina de Los Angeles e aproveitar a sua noite?

São Só Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IWhere stories live. Discover now