Capitolo Trentatré

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Estávamos em Nápoles, isso era óbvio.
Mas diferente do último lugar seguro que havia sido colocada, o quarto de Leonardo ficava numa praia, quase que fundido em uma enorme rocha, como a grande maioria dos hotéis da costa eram.

O dia ainda era dia e eu estava perdida no tempo, na verdade, continuava perdida em sensações. Ainda não tive a chance de abraçá-lo, de agradecer por tudo o que estava fazendo e principalmente por ter me salvado.

O som do mar batendo nas rochas do lado de fora me acalmaram um pouquinho e fui até uma das janelas, só pra apreciar a paisagem. Havíamos entrado por um túnel, que tinha nos trazido diretamente para a porta desse quarto. Deduzi que ali fosse algum hotel abandonado, quer dizer, aparentemente abandonado, já que tudo ali era bem novo.

A cama era maior, o quarto era maior, a televisão, o closet. Aproveitei que Leonardo estava tomando banho para abrir o local e sorri ao ver a quantidade de roupas dele que havia ali. O cheiro de seu perfume estava impregnado em tudo e me fez suspirar. Tinham também algumas malas fechadas, cada uma com o nome de um de seus parentes: Antonella, Augusto, Rosa e Raffaelle. Ali era o lugar seguro dele, caso necessitasse salvar sua família. Mas se não estavam ali, onde estavam?
Será que toda aquela área pertencia à ele?

Continuei a caminhar pelo quarto e parei em frente ao espelho que tinha atrás da porta, encarando meu reflexo e notando o quão abatida estava. Meus pulsos estavam vermelhos, bem feridos, o que me fez respirar fundo ao lembrar de toda a situação. Toquei atrás de minha cabeça e dei graças a Deus a não sentir nenhum calombo ali. Pela fúria de Fabrizio ao me jogar contra o chão, imaginei que estaria bem pior.

O vapor que saiu do banheiro quando Leonardo abriu a porta, me fez arrepiar e mordi o lábio ao ver quantos hematomas ele tinha espalhados por seu tórax, além de um rasgo bem feio no bíceps direito, que pelo menos tinha parado de sangrar. Me aproximei um pouco hesitante e estendi a mão, pronto para tocá-lo, mas sua voz me impediu de continuar:

- Tome um banho, descanse. Sei que aqui não há roupas pra você, mas posso providenciar alguma coisa. Preciso me encontrar com seu irmão o mais rápido possível. Quanto mais cedo encontrarmos Fabrizio, mais rápido acabamos com essa guerra.

- Você... Não vai ficar comigo? - O desapontamento era evidente em minha voz.

- Não posso me dar ao luxo.

Eu ri, num misto de raiva e indignação. Naquele momento eu queria que ele fosse só um pouquinho mais irresponsável, menos perfeito. Voltei a estender minha destra, mas optei por desliza-la por seu peitoral ainda úmido, arrastando as unhas entre seus pelos ralos, descendo mais, adorando ver seu abdômen se contrair e eu conseguir contar cada gomo de músculo ali e quando cheguei na barra de sua toalha, ele estremeceu, tomando meu pulso, impedindo que eu continuasse e notando que a aliança que Fabrizio tinha colocado em meu dedo, continuava ali:

- Tire isso, tome um banho e descanse.

- Sim, senhor mandão.

Tirei aquela aliança do dedo e caminhei em passos largos até a janela, jogando a joia ali, sem ao menos conseguir enxergá-la caindo devido a cor daquele mar tão cristalino. Dei um sorrisinho orgulhoso e voltei a passar por ele, que deu um passo para o lado e deixou a porta livre para que eu passasse.

Me despi e só o vapor que continuava no banheiro fez com que eu relaxasse um pouquinho. Leonardo continuava parado na porta, mas caminhou para o meio do quarto, me deixando ali sozinha. Suspirei, tentando me lembrar que ele deveria estar totalmente preocupado e foquei em fazer o que havia pedido: banho e descanso.

A água morna levou embora toda a sujeira de morte que estava impregnada em mim e senti que realmente havia relaxado um pouco mais, deixando também que a sensação gostosa, desfizesse cada nó de tensão em minhas costas. Quando terminei, me enrolei em uma toalha e segui de volta ao quarto, vendo que Leonardo estava sentado, com um kit de primeiro socorros apoiado em uma das coxas e um algodão em mãos:

São Só Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IWhere stories live. Discover now