São Só Negócios - Duologia Família Fontana - Livro I

Capitolo Sette

Leonardo Callegari

Estava desapontado com minha atitude com Catarina ontem.

Sempre estive 100% atento a tudo ao meu redor e nem ao menos percebi que a mulher estava trocando olhares com o homem na pizzaria. O que me surpreendia mais ainda era o fato de que tipos como aquele, atraíam a atenção dela.

Mais um dia havia chegado e com ele, mais um possível tour com a filha de Don Fontana. Me tranquilizava saber que ela não parecia ser tão radical quando imaginei que seria, e também, era impossível negar o quanto era linda pra cacete. Eu estava levemente intrigado com o fato de que ela queria me conhecer mais à fundo, mesmo sabendo que isso não poderia acontecer por dois enormes motivos. Primeiro: ela era a filha de Don Fontana, segundo: ela é a irmã mais nova de meu melhor amigo e chefe. Quanto mais distante e menos íntimo ficássemos, melhor seria para meu pescoço.

Estacionei em frente a mansão da família e segui para dentro, encontrando Filippo finalizando seu café da manhã. Ele parecia tranquilo e abriu um sorriso largo, assim que me viu:

- Ciao, Leo! Como está hoje, hum? Catarina ainda está lá em cima, mas logo deve descer.
Me aproximei, retribuindo o sorriso animado e o cumprimentando com um breve aperto de mãos. Meus olhos fitaram o hall que levava as escadarias do segundo andar, antes de respondê-lo.

- Estou bem. Ultimamente tenho dormido mal, mas nada que boas compras e fotos com sua irmã não resolvam... - O provoquei ironizando minha atual situação, já que até a semana anterior, meu trabalho era socar a cara de quem se recusasse a pagar as taxas de segurança dos comércios comandados pelo pai dele, nos arredores da cidade.

- Será só por um tempo, eu prometo. - Filippo tocou em meu ombro, encarando meus olhos - Você é a pessoa que confio toda a minha vida, Leo. Sei que cuidará da minha irmã, como cuida dos seus familiares e de mim.

Afirmei, sabendo que aquilo era uma honra. Filippo era como um irmão mais velho e nunca faltou para comigo, nem quando mais precisei de ajuda até. Jamais lhe viraria as costas e tinha certeza de que seria recompensado por aquele trabalho fora de meus padrões.

- Te prometo que quando essa fase passar, vamos até Vegas, na América. O que acha, cazzo?

Foi impossível não soltar uma risada com aquele convite um tanto quanto tentador. Las Vegas era a casa do pecado nos Estados Unidos e a quantidade de mulheres em suas boates de strip-tease, faria cada dia daquele valer à pena. Ouvi passos e Catarina cruzou a cozinha, usando um vestido leve e florido, com seus cabelos pretos soltos. Parecia ter escutado nossa conversa, porque tinha uma sobrancelha erguida e os olhos semicerrados:

- Vegas, Filippo Fontana? 

Sua atenção foi para o irmão e seu cheiro adocicado veio direto em minhas narinas. Ainda era diferente ter uma presença feminina dentro daquela casa. Dei alguns passos pra trás, conforme ela se aproximava dele e limpei a garganta:

- Buongiorno, senhorita Fontana.

- Você tem escutado muito atrás da porta, sabia? - Filippo a confrontou com um sorriso, enquanto ela sorria de volta. - Devo falar para nosso pai que temos uma espiã entre nós?

- Talvez deva. - Catarina piscou para ele e pousou os olhos em mim - Bom dia, Leo. Pronto pro nosso dia?

Assenti com a cabeça, aguardando próximas instruções da caçula dos Fontana e notei que Filippo me encarava, mordendo o lábio inferior como se segurasse o riso. Parecia ter se divertido com a fala da irmã. Será que ele sabia de algo relacionado ao que faríamos que eu não sabia?