Capitolo Ventotto

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- Não.

Minha negativa veio seguida de um riso nervoso, já que Fabrizio estava próximo o suficiente para me deixar sem saída. Seu antebraço estava apoiado sobre a porta, acima de minha cabeça e todo seu corpo estava debruçado para perto do meu. Sua pele queimava e mesmo sem estar me tocando, eu sentia emanando.

Seus olhos azuis eram duas bolas escuras de raiva e ele não pareceu se abater com minha resposta. Continuava me encarando, rangendo os dentes e travando a mandíbula, dando uma risada leve em seguida:

- Eu não estou pedindo.

- Não sou uma peça em seus jogos, Fabrizio. - Quis sair de perto da porta, mas sua mão livre me tocou no ombro, me mantendo ali. Engoli em seco, mas não quis demonstrar que estava ficando assustada - Se me fizer algum mal, meu irmão mata você.

Ele gargalhou, franzindo a testa em seguida, como se estivesse me analisando. O quão errado seria acertá-lo entre as pernas, só para sair dali?

- Jamais faria mal a minha futura esposa. 

- Isso não vai acontecer. Não serei sua esposa. - Ergui o queixo, mantendo os olhos nos dele - Deixe-me ir embora. Agora.

Fabrizio manteve os olhos em mim, mas não falou mais nada. Sentia que acabaria perdendo o sustento das pernas, porque meu corpo todo tremia de nervoso. Não queria acreditar que toda aquela situação estava acontecendo, mas sentia que tudo era culpa minha. Eu não estava mais nos Estados Unidos, onde podia ter sexo casual com quem bem entendesse, sem ter que ter responsabilidade para com famílias rivais depois.
Parecia que ali, se eu desviasse o olhar pra flertar com alguém, já desrespeitaria três gerações da máfia. Era ridículo e o pior, era real.

Ele afastou a mão de meu ombro e devagar foi saindo de perto da porta, deixando que eu finalmente respirasse fundo. Estava pronta pra me virar e correr pra fora daquele lugar, quando sua voz grave voltou a soar, autoritária e cheia de desdém:

- Não tratarei de negócios com você. - Fabrizio se virou, encarando meus olhos de novo - Fora acordado entre mim e o Don, que selaríamos nossa trégua através de nossa união. Já que você está bancando a boba agora, prefiro conversar com quem realmente sabe o que está em jogo. Ciao, Catarina.

Eu deveria discutir, devia xingá-lo e ofendê-lo, como ele tinha feito comigo. Mas Fabrizio parecia estar prestes a mudar de ideia sobre me deixar ir, então preferi por ignorá-lo e sair dali o mais rápido possível. Fiquei aliviada conforme descia as escadas e não precisei lidar com Don Sorrentino antes de partir.
Fausto me aguardava próximo do carro e me olhou confuso. Minha expressão deveria ser tensa, assustada, preocupada. Mas como os seguranças da família eram discretos, ele não me perguntou absolutamente nada, pelo menos não até estar longe daquela área:

- Senhorita Fontana, ele feriu você?

Balancei a cabeça negando, dando um sorriso suave ao ouvir sua voz num tom tão preocupado e busquei se rosto através do retrovisor do carro:

- Não, Fausto. Obrigada por se preocupar.

- É meu dever. - Aquela frase já estava se tornando clichê.

Estava ansiosa para que chegássemos em casa logo. Não deixaria que Fabrizio dominasse minha vida, como dominava territórios rivais. Ele não era meu dono e homem nenhum seria. Ninguém discutiria a minha vida, meu futuro e com quem eu tinha que casar em volta de uma mesa repleta de pessoas que mal me conheciam! Era loucura pensar que estava de volta à Nápoles a pouco mais de um mês, porque sentia que já estava ali há mais de um ano.

São Só Negócios - Duologia Família Fontana - Livro Iजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें