Capitolo Tre

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Catarina Fontana


Eu sempre gostei de reservar a poltrona ao lado da janela. Quando estava ansiosa ou nervosa, olhar para a paisagem acima das nuvens ajudava a me acalmar. Lembro que quando era criança, ficava imaginando que as nuvens eram flocos de algodão e minha vontade era pular ali e dormir durante uma tarde toda, para depois, ver o sol se pôr.

Passei a noite inteira em claro e para piorar a situação, o safado do meu irmão me mandou uma MENSAGEM dizendo que não me buscaria no aeroporto e que um de seus 'homens' de confiança iria me encontrar na área de embarque. Não queria acreditar que um sujeito enorme e mal-encarado iria me levar para a casa que não frequentava há anos.

Estava apreensiva, mas fiz questão de levar alguns presentes americanos para eles. Sabia que o grande Don Fontana seria mais difícil de agradar, mas seria interessante ver seu rosto confuso imaginando o que poderia fazer com a quantidade de molhos de salada e churrasco que estava trazendo.

Já estava em terras italianas e sabia reconhecer aquela paisagem que era só daquele lugar. O aeroporto internacional de Nápoles era em volto de todo o mar, assim como toda a cidade. Eu me lembrava bem do quanto gostava de visitar os arredores do monte Vesúvio com meu pai e minha mãe quando criança. Filippo adorava me provocar e jogar minhas bonecas nos enormes arbustos que tinham no local.

Quando o avião pousou, além do frio na barriga normal causado pela pressão do ar, me senti tensa em finalmente ouvir os comissários falando em italiano, dizendo o horário, a temperatura e o local que estávamos.

De volta ao lar enfim.

Mordi meu lábio ainda confusa e segui rumo a área de desembarque, buscando algum sujeito enorme e com cara de poucos amigos que me ajudasse com minhas malas e franzi a testa ao não ver nenhum rosto diferente ali. Todos estavam com suas respectivas placas com os nomes dos passageiros, mas em nenhuma delas havia o meu. Será que até os capangas de meu irmão não costumavam cumprir com o combinado?

Bufei, pronta pra pegar meu telefone celular dentro de minha bolsa e xingar Filippo de todos os palavrões americanos e italianos que eu conhecia, quando uma voz grave, baixa e até levemente tímida falou meu nome:

- Senhorita Catarina Fontana?

Já estava acostumada a ouvir meu nome na língua italiana, o sotaque era romântico e perfeito. Mas ouvir na voz daquele homem parado ali na minha frente, soou totalmente diferente.

Era um belo moreno alto, de cabelos pretos e barba perfeita. Não podia enxergar seus olhos, porque estava de óculos escuros e usava roupas pretas, se destacando no meio de toda aquela multidão anfitriã daquele país tão bonito. Ele estava tão sério, mas se mantinha focado em meu rosto, parecia até meio... confuso.

- É Catarina Fontana, não é? – Perguntou de novo, olhando para o próprio celular que tinha em mãos e imaginei que estivesse olhando alguma foto minha.

- Sim, sou eu. – Ajeitei minha bolsa em meu ombro e franzi a testa, querendo vê-lo através dos óculos – Filippo mandou você?

Ele afirmou com a cabeça e pela primeira vez o vi como segurança. A forma com que averiguou todo o local e fez menção para que eu entrasse em sua frente, me fez até sorrir. Não me lembrava dos seguranças da família serem tão bonitos, ou talvez eu só fosse criança demais pra notar. Se Filippo imaginasse que eu estava paquerando um de seus homens, teria um ataque.

Seguimos até a saída em silêncio e até sorri, vendo o quão profissional era. Quantos anos será que tinha? Parecia pouca coisa mais velho do que eu, assim como Filippo. Ele veio sozinho, então entendi que realmente era próximo de meu irmão. Como um completo cavalheiro, abriu a porta do carro para que eu entrasse e assim que o fiz, colocou todas as minhas malas na parte de trás do veículo e assumiu o volante.

São Só Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora