Capitolo Otto

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Não conseguia descrever o clima, mas enquanto os policiais colhiam os depoimentos das mulheres, vi que Catarina ficava próxima da porta, me evitando o máximo possível. Me surpreendia que apesar de tudo o que tinha acontecido ali, ela parecia mais tensa por ter me beijado, do que por ter presenciado um crime. 

Talvez isso fosse parte do DNA dos Fontana... Frios quando deveriam ser e quentes na mesma intensidade. E porra, ela era muito quente.

Meu dever era passar para meus superiores o que tinha ocorrido e não demorou muito para que Filippo cruzasse a porta e viesse a meu encontro. 
- Per Dio, grazie! - Seu abraço foi terno e acolhedor, mas bem rápido. Em minha mente, a única coisa que se repetia sem parar, era a forma como tive a irmã dele esteve em meus braços. A porra da culpa estava começando a me tomar por me sentir atraído por ela? - Ainda bem que temos você.

Ele se afastou e foi até a Catarina, trocando algumas palavras com ela, que continuava a evitar meu olhar. Resolvi deixá-los mais a vontade e fui até os policiais, finalizar a troca de informações necessárias para o arquivamento do caso e passando toda a situação para as vendedoras ali. Depois de saberem que estavam sob os cuidados da família Fontana, as mulheres pareceram até mais tranquilas.

- Leo, vou levá-la pra casa, tudo bem? - Filippo me tomou atenção e até achei que aquilo seria a coisa certa a fazer.
Tinha certeza de que se fôssemos embora no mesmo carro, Catarina não se sentiria nada confortável e não precisávamos daquilo. A situação por si só já tinha sido um tanto quanto traumática para ela, o beijo não precisava ser algo à mais.

Quando foram embora, fiz o mesmo e assumi o outro veículo, indo logo atrás de onde os irmãos Fontana estavam. Minha mente vez ou outra voltava ao beijo, voltava também a forma com que ela tinha me provocado, fazendo com que eu sentisse o cheiro do perfume direto de sua pele. Depois, os pensamentos seguintes foram a maneira que Filippo me abraçou assim que chegou, tão cheio de gratidão e depois, o jeito com que Don Fontana me tratava, me colocando para jantar na mesa com os gigantes da máfia. Se sequer imaginassem que algo tinha acontecido entre mim e ela, eu iria direto para o fundo do mar da Sicília.

Não a vi ao longo do dia e aquilo foi particularmente estranho. Talvez fosse porque havíamos passado o tempo todo de ontem juntos e ainda não era nem meio dia e eu já estava tranquilo, no meio da sala da casa deles.
Filippo serviu duas doses de uísque e me entregou uma. Imaginei que pelas emoções fortes que  passamos, precisávamos de bebidas ainda mais intensas.

- Precisamos fazer uma reunião com os associados locais. Onde estão nossos homens que ficam responsáveis por aquela área? - Ele virou a dose num gole só e começou a andar de um lado para o outro, tenso para um caralho. - Meu pai está bravo, ele queria ir pessoalmente até o local e falar com o dono daquela merda.

- Minha intenção era deixar um deles vivo. Mas... - Não sabia se era certo dizer que Catarina acabou se metendo na situação e dei de ombros - Pela quantidade de pessoas dentro da loja, não quis arriscar. Talvez pudéssemos descobrir pra quem trabalham, se eram homens de Sorrentino ou só moleques em busca de atenção.

Ele não parecia me ouvir. Continuava andando de um lado para o outro e quando finalmente parou para me encarar, passou a mãos nos próprios cabelos e assentiu com a cabeça. Só não sabia dizer se estava confirmando o que eu havia acabado de dizer ou se estava falando consigo mesmo:

- Você fez certo, Leo. Catarina está sã e salva e aquilo nem ao menos a assustou. - Um sorriso estranhamente repentino surgiu em seus lábios - Ela tem um encontro hoje à noite. Sabia disso?

Aquela informação me pegou de surpresa. Primeiro por não acreditar que depois de ter passado por uma situação traumatizante, Catarina Fontana ainda queria sair e segundo, depois de ter me provocado e me beijado, continuava disposta a sair com o idiota que conheceu. Pior era saber que havia contado para Filippo, já que eu nem tinha intenção de fazê-lo. Aquela mulher poderia não ser do tipo que me daria dores de cabeça por aprontar, mas definitivamente estava conseguindo me deixar louco.

São Só Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IWhere stories live. Discover now