Capitolo Trenta

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Catarina Fontana


Leonardo parecia tão... poderoso! 

Devia ser aquela camisa levemente amarrotada e notei que havia algumas gotas de sangue na manga. Pude notar também seu punho ferido, avermelhado, o que o tornava ainda mais selvagem. Seus cabelos pretos estavam levemente desgrenhados e sua presença tomava toda aquela sala enorme.

Não conseguia decifrá-lo e não é como se eu estivesse tentando... Meu foco ali era somente um: me resolver com ele. Leo já tinha adiantado uma parte, contando a meu pai o que havia acontecido entre nós e agora todos também sabiam que Fabrizio estava me ameaçando por também ter descoberto. Nem ele, nem a família dele mereciam passar por isso por minha causa.

Ele caminhou pelo escritório de Filippo e vi que nunca tinha entrado ali, nem quando mais nova. O lugar era enorme, mas ainda era menor do que a sala de nosso pai. Tinha uma mesa repleta de documentos e uma estante que tomava toda a parede, cheia de livros. Nas outras paredes, tinham porta-retratos da gente, de quando éramos crianças e uma pintura da mãe de meu irmão, com uma frase em latim no pé da moldura. Depois traduziria só pra saber o que significava.

Sentia a tensão entre nós, mas não sabia exatamente como começar a pedir desculpas. Tudo o que imaginei dizer, enquanto chorava com o rosto afundado em meu travesseiro parecia ter sumido e a única coisa que eu conseguia fazer era ficar observando a forma que aquele homem estava andando ali. Leo tocava o contorno desenhado das cadeiras, mordiscava o lábio inferior e suspirava fundo. Parecia estar me dando todo o tempo do mundo para que eu tomasse coragem de abrir a boca, o que me deixou ainda mais boba por ele.

- Eu sei que já falei, mas... Obrigada de novo. - As palavras saíram mais rápido do que imaginei e respirei fundo, controlando minhas emoções - Tudo está acontecendo de forma tão maluca e você sempre sabe exatamente como manter o controle.

- Acho que está enganada, Catarina.

Nunca fiquei tão aliviada por ouvi-lo dizer meu primeiro nome.

Desencostei da porta, só então notando que não havia movido um músculo sequer desde que entrei ali e devagar, comecei a andar na direção dele, que permanecia parado próximo a mesa de trabalho de meu irmão. Leonardo não se moveu, mas parecia tão tranquilo, tranquilo o suficiente pra me deixar ainda mais nervosa.

- Por que? - Sussurrei.

- Se eu tivesse controle de alguma coisa, não estaríamos aqui agora.

- Diz isso por termos ficado?

- Digo isso por termos ficado. - Leonardo repetiu a frase e se virou de frente pra mim. Seu perfume mais uma vez me invadiu e meu corpo recebeu aquilo com um arrepio que me percorreu dos pés à cabeça. - Fabrizio não estaria ameaçando minha família ou te forçando a se casar com ele se isso não tivesse acontecido.

Encolhi meus ombros por estarmos tão próximos. Mal me lembrava a última vez que estivemos tão pertos um do outro, sem estarmos brigados. Foi impossível não recordar a maneira com que me envolvia nos braços, com que me beijava e como roçava sua barba em meu pescoço.

- Então eu deveria te pedir desculpas, não é? - Tentei não pensar naquilo e ergui o rosto para encará-lo nos olhos.
- Pelo que? - Ele franziu a testa, sem deixar de desviar os olhos dos meus.

São Só Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IWhere stories live. Discover now