Capitolo Trentuno

2K 241 193
                                    


Foi estranho acordar com batidas na porta no meio da noite. Ainda estavam batendo, quando resolvi pegar meu aparelho celular, só pra ver a hora que era e me espantei ao ver que nem havia passado das cinco da manhã ainda. Mordisquei o lábio levemente preocupada e me levantei, entreabrindo-a e encontrando Leonardo parado ali. Arregalei os olhos, fechando um pouquinho mais, só para que não me visse com a cara toda amassada e murmurei baixinho:

- O que aconteceu?

- Faça sua mala e venha comigo. - Sua voz soou baixinha e autoritária.

Franzi a testa e em seguida um sorriso se abriu em meus lábios. Ainda com a porta meio fechada, me aproximei um pouquinho mais só para vê-lo. Ele estava todo de preto, como sempre costumava se vestir, mas pude observar que segurava uma arma em uma das mãos, o que fez meu sorriso desaparecer na hora:

- O que aconteceu? 

- Te espero no andar debaixo, Catarina.

Ele se afastou antes que eu fechasse a porta e estranhei a maneira com que falou. As reuniões deveriam tê-lo deixado tenso e aquela arma era só uma forma que encontrou para se sentir seguro ali. Bem, pelo menos era o que eu esperava fosse.

Ainda sonolenta e tentando manter o foco, liguei as luzes do meu quarto e segui até meu guarda roupas, colocando algumas peças dentro e em seguida, fui ao banheiro, tomando um banho rápido e vestindo algo confortável, já que não sabia bem onde iríamos e o que faríamos. Ajeitei meus cabelos num rabo de cavalo e peguei a mala em mãos, saindo dali e descendo as escadarias. Parei alguns degraus antes, vendo que Leo estava ali com Alberto, Maurizio e Fausto. Todos pareciam tão tensos o suficiente pra fazer minha nuca arrepiar:

- Filippo já está levando Giuseppe para nossos locais seguros, vou acompanhar minha família e quero que vocês dois protejam Catarina com suas vidas. - Leo dava ordens para Maurizio e Fausto, que assentiam com suas cabeças.

Não acho que tinham notado minha presença, pois continuavam a conversar entre si, sempre atentos a cada palavra que o belíssimo conselheiro dava a eles:

- Não conseguimos contato com Don Carlo, o que torna a situação muito suspeita. Não queremos que os desgraçados nos peguem de surpresa, então melhor proteger nossos elos mais frágeis, antes que nos ataquem por eles.

Eu era um elo frágil.

- Estou pronta. - Disse, já nos últimos degraus e dei um sorrisinho leve - Está tudo bem? Filippo não está aqui?

Leonardo se aproximou de mim e pegou a mala de minhas mãos, entregando a Fausto, fazendo menção para que ele saísse dali. Maurizio o acompanhou e Alberto se afastou junto deles, nos deixando à sós.

- Quero que me prometa que não sairá do quarto que Fausto e Maurizio te levarão. Não entre em contato com ninguém e nem use seu telefone. Podemos estar sendo rastreados.
- O que aconteceu? - Minha preocupação começou a se tornar desesperada - As reuniões não deram certo? Vi você falando que não conseguiram falar com Don Carlo e...

Suas mãos tomaram meu rosto e ele aproximou os lábios dos meus, me beijando de uma forma que eu não esperava, mas ao mesmo tempo, derreteu meu coração de uma maneira que piorou ainda mais meus temores. Parecia ser um beijo de despedida. Sua língua acariciava a minha gentilmente e seus dedos pressionavam minhas bochechas de maneira delicada, quando se afastou, encostou a testa na minha e sussurrou:

- Prometa, Catarina.

- Eu prometo. - Senti minha voz embargar - Leonardo, aonde você vai?

- Vou levar minha família a um local seguro também. Assim que tudo ficar bem, eu irei te ver. Essa é a minha promessa. Tudo bem?

Assenti, sem conseguir falar devido ao nó intenso que se formava em minha garganta e em seguida, Leo olhou para os lados, como se averiguasse minha própria casa e fez menção para que eu andasse em sua frente. Pude ouvir o som da arma engatilhando atrás de mim e engoli em seco, me assustando ao chegar do lado de fora e ver tantos carros parados ali.

São Só Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora