CAPÍTULO 2

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Paris - Saguão do aeroporto

Soraya não suportava a ideia de ter que retornar ao Brasil. Sentia como se pertencesse a Europa, podendo jurar a si mesma que em vidas passadas provavelmente fora uma parisiense legítima e que a reencarnação como brasileira provavelmente seria para pagar alguma penitência.

Muito do seu desgosto era por saber que no Brasil não faria frio o suficiente que lhe permitisse usar os inúmeros casacos de pele que comprara e que quase ninguém no Brasil ficaria com inveja de seus Loiboutin, já que para Soraya, os brasileiros mal eram capazes de distinguir uma havaianas de uma melissa.

Baltazar, seu marido a acompanhava. Em todo tempo havia sido contra aquela viagem a Paris, afinal e contas, estavam em completa falência e o o que os mantinha naquele status por hora fora o casamento arranjado do sobrinho Bruno com a distante Lorena.

- Para quê tantas coisas, Soraya? - Baltazar tentava se equilibrar carregando o excedente de bagagens que não coubera no carrinho que Soraya empurrava.

- Você faz ideia de para que serve cada coisa que eu comprei, querido? - O tom de voz da megera era irônico e com pitadas leves de desdém. Ela achava o marido um tanto pouco inteligente.

- Não. Nem imagino! Só sei que estão muito pesadas! - Queixava-se o pobre homem.

- Então não há porquê perder tempo explicando. Você não seria capaz de entender, meu docinho! Mas vamos logo , antes que eu desista dessa loucura de retornar à terras tupiniquins. Só de imaginar o calor que faz naquele protótipo de país de submundo já sinto urticárias por todo o corpo!

- Eu não sei como iremos pagar por essa viagem. - Murmurava Baltazar não conseguindo esconder sua insatisfação.

Irritada, porém sem demonstrar - pelo contrário - com um sorriso sarcástico, Soraya retirou seu óculos de sol da Dolce e Gabana e aproximou-se do marido lentamente.

- As malas estão pesadas, meu pedacinho de céu? - A megera desatou o lenço branco do pescoço - Talvez consiga carregar isso aqui também! - Disse ela segurando o lenço.

- Mas não tenho mãos para carregar mais absolutamente nada, minha florzinha!

Soraya riu.

- Claro que tem, meu pitel. - Soraya dobrou o lenço e de maneira ágil o enfiou todo na boca de Baltazar, que passava a grunhir com um som abafado pelo tecido em sua boca - Viu? Agora essa sua boquinha serve para algo mais útil do que ficar falando asneiras - a mulher piscou para o marido - E vamos de vez que já estou exausta! - DEcretou retomando seu caminho em direção ao portão de embarque.


Mansão Malota

Lorena sentia um misto de inúmeras fragrâncias misturadas pelo ar e junto disso diversos olhares curiosos a observando. Contudo, nada que a surpreendesse tanto, afinal, a sua maneira sofisticada de vestir-se e os modos elegantes a destacariam sem sombra de dúvidas. Não se tratava de uma mulher que passava despercebida de olhares, principalmente dos homens.

Lúcio e Celeste mantinham-se como dois cães de guarda logo atrás de Lorena. O motorista observava tudo ao redor com sua desconfiança de sempre, já Celeste começava a deslumbrar-se com a decoração da mansão e tentava não transparecer deslumbramento.

Uma  música sertaneja típica da região tocava naquele momento o que atrapalhava a atenção de Lorena e parecia dificultar seu desejo de encontrar o mordomo em meio a toda aquela gente. Era o mesmo com quem ela havia falado há pouco, logo ao chegar, e que permitira sua entrada.

Um marido por contrato Onde as histórias ganham vida. Descobre agora