Capitulo 12

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A cozinha era uma bagunça generalizada. Celeste castor não conseguiam entrar num consenso sobre o modo como cozinhar os pratos. E como cada um dava uma ordem diferente da anterior, os empregados e cozinheiros estavam completamente perdidos.

Caminhavam de um lado para o outro feito baratas tontas.

— Assim o camarão irá cozinhar demais! — Castor baixou fogo.

Celeste viu de longe e correu até o fogão para detê-lo.

— Já são quase 6h00! Nessa altura do fogo os camarões não ficaram prontos a tempo! — A empregada aumentou a chama girando o botão.

— Não vai não, velha mumificada. Se tossir é capaz  de sair pó do deserto desse seu pulmão embalsamado! — E castor girou o botão do fogão no sentido contrário ao que Celeste havia feito.

— Vai demorar sim!

— Não vai!

O camarão estar cozido ou não tinha pouca importância para um outro, ali era uma briga de ego que ainda iria render muito.

— Lúcio, teria como você tirar essa bicha má daqui?Ele não está me deixando cozinhar em paz!

O motorista, que apenas desejava beber um copo d'água, fazia o possível para não se meter entre aqueles dois. Fora pego de surpresa e não teve como fugir.

— Estão precisando de algum ingrediente? Talvez possamos ir ao mercado, Castor. Não sei onde fica. Aproveito e conheço mais a cidade.— o tom de voz Pacífico de Lúcio acalmou os ânimos do mordomo e de celeste. Mas castor não conseguiu esconder sua insatisfação ao retirar o avental.

— Escute aqui, sua cobra, eu estou indo porque as batatas não vão dar e quero que saia tudo perfeito. Então não se anime achando que essa cozinha é sua. Irei sim, mas eu volto...

Celeste deu de ombros e mostrou a língua para Castor. Ele retribuir o gesto do mesmo modo infantil.

— Vamos, Lúcio! — Castor jogou seu avental sobre a mesa e caminhou para o estacionamento.

~*~

Jundiaí era uma cidade grande com cara de interior. Não se comparava ao Rio de Janeiro em questão de trânsito e caos; não havia praia, ou pão de açúcar, Cristo Redentor e muito menos mureta da urca.Mas pairava ali uma atmosfera diferente, única e que talvez não fosse justa a comparação tão singela entre as duas cidades tão diferentes.

Lá no fundo Lúcio estava achando ótimo ter se afastado um tempo de sua terra natal. Não havia muito que ele e sua noiva haviam terminado após descobrir queria o traía  com o colega do trabalho. Havia sido doloroso para o motorista, ainda mais por ter que se desfazer de todas as ideias que havia planejado com a noiva. A partir dali Jundiaí ganhava um significado especial, um sinônimo de recomeço para o motorista.

— Adoro esse bairro. Não é tão caro e o glamouroso como a  Malota, mas tem seu charme e é muito bem localizado.

— Que lugar é esse, castor?

— Se chama Vila Arens. Aquela igreja em frente ao famoso colégio Divino, é do tempo da monarquia no Brasil. Um luxo sem tamanho!

— Realmente é muito bonita! A cidade como um todo é bonita! Só é um pouco pacata, né? Tipo, eu sou carioca se é que me entende? — O motorista tentava se justificar.

— Seu sotaque... Nem percebi. — Ironizou castor — vocês trocam o " S " por pelo "X". Não faz sentido!

— Eu não tenho sotaque, vocês sim. PoRRRta , poRRteira — Lúcio acentuou o R retroflexo, forçando o modo de falar naquele interior.

— Então fala "esqueci o isqueiro na esquina da escola"
— IXxqueci o iXxxqueiro  na iXxxquina da iXxcola — Lúcio pausou para rir de seu sotaque carioca carregado  enquanto parava no semáforo — droga! Acho que tem um sotaque mesmo.

— Todos temos... Seu celular está tocando, Lúcio.

Castor olhou paraTela do celular do motorista pendurado no painel do carro e avistou o papel de tela com a foto de Lúcio  e a noiva.

— Bonita sua namorada. Não vai atender?
— Não é minha namorada, castor! Não mais.
— É o que, então? Vocês parecem formar um belíssimo casal!!!!!

O comentário de castor atravessou o coração de Lúcio. Todos diziam aquilo, que a noiva ele formavam um belo casal. Lúcio não queria que as coisas tivessem terminado daquele jeito e estava complicado esquecê-la.

— Podemos não falar sobre isso? — Parecia uma súplica o pedido do motorista.

O carro estacionava em frente ao mercado. Castor e ele desceram.

— Tudo bem. Não quis invadir sua privacidade. Mas agora vamos que eu não posso permitir de maneira alguma mas nenhuma Zinha que Mun-Ra domine minha cozinha! — E logo castor estava gesticulando com o seu modo peculiar.

O jeito engraçado e quase teatral com que o mordomo transmitia suas ideias tornava aquele momento mais divertido e leve, espairecendo as ideias de Lúcio  após as breves recordações sobre sua noiva. Não havia sido uma ma ideia chamar Castor para ir ao mercado.

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O cheiro que vinha da sala de jantar entrava pelas narinas de Lorena e automaticamente seu estômago parecia dar um salto dentro do abdômen. Lembrou-se que quase não havia comido nada o dia todo. O aroma era algo que aparentava ser de algo apetitoso. Quem sabe o jantar não fosse salvo pela comida?

Fato era que aquilo seria mais que uma simples refeição. Representava muito para jovem médica. A filha da mulher que um dia foi empregada de Soraya sentava-se à mesa com ela e não como uma simples convidada, mas sim como a dona de cada objeto naquele imóvel.

Lorena escolheu Uma roupa preta casual exceto pela manga bufante de sua blusa. Apesar de até minutos antes sentir satisfeita que todos eles deveriam suportá-la, a cada passo que a aproximava de ver toda aquela gente, fazia  o seu coração disparar e subitamente perder a fome.

Lorena era proprietário de tudo mas nem de longe seria bem vinda naquela casa.

A moça estava decidida a não arredar o pé dali. Surgiu vagarosamente diante dos convidados de Soraya que já estavam a mesa entretidos entre si, num clima agradável e amistoso aparentemente. Soraya tragou um pouco do vinho de sua taça e por alguns instantes tentou fingir que não via a esposa do seu sobrinho.

Por falar nele, Bruno ria de algo que falava com uma garota loira bonita que estava sentado ao seu lado. Lorena desviou o olhar do marido e rapidamente percebeu que o jantar já havia começado há um tempo. Os pratos servidos estavam com resto de comida e as pessoas aparentemente saciadas.

— Talvez ainda haja comida para você — a voz que falava com Lorena estava atrás do seu campo de visão

Um marido por contrato Onde as histórias ganham vida. Descobre agora