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A pele de Lorena ardia de receio de que seu marido seria capaz de cometer após ela tê-lo prejudicado diante daquela moça. Não estava em seus planos encontrar Bruno durante um de seus encontros e muito menos sentir aquela sensação esquisita que ela tentava negar veementemente a si mesma que fosse puro ciumes.
- Lembre-se, querido, que se eu sofrer qualquer arranhão você terá que me indenizar! Espero que tenha lido atentamente o contrato nupcial que assinou. Então não ouse colocar essas mãos imundas em mim para me fazer qualquer mal.
Apesar de acuada, Lorena raciocinou rápido e manteve-se firme diante dos olhos em chamas de Bruno. Todavia, a respiração do jovem rapaz não diminuiu de frequência e seus dentes permaneciam cerrados sob a mandíbula contraída. Aliás, era possível ver cada músculo do seu corpo desenhado por debaixo da roupa sob uma tensão. Lorena previa o marido a enforcando até perder a consciência.
Bruno, por outro lado, olhava sem vacilar para Lorena, que exalava um cheiro suave e levemente cítrico de um perfume para o dia. Era impressionante a altivez dela diante de um homem do porte dele, mas Bruno reparava que o corpo dela tremia e que na verdade, Lorena estava acuada e com medo. Ao mesmo tempo, Bruno processava as palavras que Lorena lhe dissera, de que se a ferisse de algum modo, colocaria tudo a perder. Ela conseguiria de fato deixá-lo maluco? Pois se em poucas horas dentro daquela casa Lorena já fora capaz de fazê-lo perder a si mesmo, o que ela não seria capaz em dois anos que deveriam permanecer um ao lado do outro dentro daquela casa?
Impotente, Bruno esmurrou a parede bem ao lado de onde Lorena encostava sua cabeça. Ela pode sentir a vibração da pancada do punho de Bruno percorrer todo seu corpo. Lorena engoliu em seco e fechou os olhos por um instante, agradecendo por aquela pancada não ter sido desferida contra seu rosto.
- Está tudo bem, doutora? - Lúcio sempre surgia no momento mais propício.
Mas Lorena apenas era capaz de observar aquele homem alto e imponente a encurralando contra a parede e arfando feito um leão feroz prestes a atacar. Bruno parecia extremamente intimidador.
O motorista já arregaçava as mangas, preparando-se caso fosse necessário usar de força para defender sua senhora.
- Vai ter volta, Lorena! Eu juro! Você não vai conseguir me deixar maluco, tá me ouvindo? Não vai! - Bradava Bruno exasperado.
Ele saiu apressado pela porta, ignorando Lúcio por completo.
- Doutora, ele a machucou?
- Está tudo bem comigo, Lúcio! Bruno não seria capaz de me fazer qualquer mal que fosse. Não seria tolo de colocar tudo a perder e ainda ficar me devendo.
- Senhora, não acha que está se arriscando demais aqui com essa gente? Não gosto de me intrometer nas coisas dos meus patrões, mas como a estimo muito, creio que não seja bem vinda nessa cidade. Eles podem ferir a senhora.
As palavras preocupadas do motorista aqueciam o coração acelerado da médica.
- Eu não tenho medo deles, Lúcio. E não irei embora até fazê-los pagar por todo o mau que causaram a mim e a minha mãe - Lorena foi ao espelho verificar se estava muito desajeitada após o quase ataque de Bruno.
- Claro, doutora, o que achar melhor. Porém saiba que tão logo desista dessa ideia, estarei aqui, pronto para levá-la de volta ao Rio de Janeiro, onde é respeitada de verdade.
- Obrigada Lúcio - dizia ela observando o rapaz pelo reflexo do espelho - Mas como disse: Bruno e a tia dele vão sofrer em dobro o mal que me causaram. Isso é só o começo.
O motorista assentiu. Preferiu não proferir qualquer palavra para não soar petulante.
- Bom, agora devemos partir, Lúcio. Preciso ver minha mãe antes que meu padrasto chegue na casa.
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- Balthazar, não seja molenga. Ande logo com essas bagagens! - Soraya subia as escadas de acesso ao hall de entrada da mansão.
Por pouco Lorena e ela não havia se trombado na saída.
Balthazar ainda tentava se equilibrar com o excesso de malas de suas esposa.
- CASTOR! - Como habitualmente fazia, a madame gritou pelo mordomo.
Soraya se sentia exausta e tudo que desejava era um banho relaxante na banheira que havia em sua suite.
Castor estava na cozinha junto de Celeste e os demais empregados decidindo sobre as refeições do dia.
- Não temos hábito de comer feijão preto por aqui, sua velha chata!
- Mas vão aprender, seu mordomo insolente. Feijão marrom não é tão bom para a digestão quanto esse aqui! - Dizia Celeste com um punhado de grãos de feijão preto nas mãos.
- Isso é crendice sua lá do Rio de Janeiro! Aqui na minha cozinha e nas minhas panelas faremos feijão marrom como sempre foi!
Castor pegava o pacote de feijão preto que estava sobre a mesa para se desfazer. Todavia Celeste o alcançou rapidamente e segurou por um lado do pacote. Formou-se um cabo de guerra entre a mucama e o mordomo. Cada um puxava para o seu lado, até que o plástico da embalagem não resistiu e os grãos estouraram pelo chão, esparramando-se por todos os lados.
- Feijão preto!
- Feijão marrom, sua velha coroca!
- Preto, bicha má!
E por estar nesta discussão, Castor não ouvira o chamado de Soraya que havia acabado de chegar de sua viagem de Paris.
- PAREM vocês dois agora!!!!! Que desordem é essa na cozinha, an? - Soraya surgia na porta da cozinha segurando seu óculos de sol nas mãos.
E de repente toda a energia no ambiente pareceu ficar carregada e negativa.
A megera estava de volta.
ESTÁ A LER
Um marido por contrato
RomanceApós comprar o próprio marido, Lorena retorna do Rio de Janeiro para a pequena Jundiaí disposta a provar a todos de seu passado que estavam redondamente enganados. A vingança é um prato que se come frio e Lorena não tem pressa alguma em degustar sua...