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Após o beijo, Lorena afastou-se sentindo como se pairasse no ar, de tão leve que seu corpo estava. Experimentar o toque de Bruno daquela
Maneira foi melhor do que qualquer sonho.— Me excedi? Fiz errado? — Bruno parecia inseguro.
— Não, não. Está tudo bem — Lorena não conseguia encara-lo — É que...
Bruno franziu a testa, receoso.
— É que o "quê"?
O suspense de Lorena o agonizava.
— Eu não esperava por isso, Bruno. E... Tipo... Nunca imaginei que você fosse tomar essa atitude. Desde que cheguei a cidade nós divergimos de tudo.
— É, eu concordo. Mas escuta, Lorena. Não pense que foi algo que decidi. No começo achei um tormento essa coisa de casamento por contrato e...
— E o fato de eu ser trans, não é? — Lorena olhou para o chão, parecendo se lembrar de algo não tão agradável.
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Seis anos antes
Houve um tempo em que Lorena, ainda estudante, decidiu que esqueceria o passado. Isso porque pensava ter encontrado o amor de sua vida, um homem doce e gentil que a aceitava da maneira que era.
Gustavo era estudante de economia no campus da Praia Vermelha e os dois se conheceram numa choppada unificada que aconteceu na Lapa, centro do Rio de Janeiro.
Após seis meses juntos, Gustavo e Lorena decidiram morar juntos em um apartamento no bairro do Flamengo, perto do Aterro. Ambos pareciam apaixonados e talvez fosse o certo a se fazer.
Porém, com o tempo, Lorena percebia que conhecia pouco sobre o companheiro, apesar dos meses juntos.
Gustavo desconversava , dizendo que era questão de tempo até apresentá-la a toda sua família. Que precisaria de mais dias, já que Lorena era trans. Os argumentos do rapaz eram os de que alguma atitude precipitada poderia minar a relação dos dois.
E por estar perdidamente apaixonada, a estudante de medicina na época preferiu aceitar as explicações e prosseguir com o relacionamento.
Porém, Gustavo ficava cada vez mais distante, frio. As vezes permanecia por horas no celular e ria olhando a tela. Era uma tarefa difícil não imaginar que ele tivesse outra.
Em uma segunda-feira, Lorena fora dispensada cedo das aulas, já que um professor não havia ido. Ela passou no supermercado e comprou batatas para fazer um purê e uma garrafa de vinho. Faria o que fosse possível para se aproximar do namorado.
Com as sacolas em mãos, Lorena subia a escadas do prédio, equilibrando-se para encontrar as chaves da porta.
Porém, não fora preciso. A porta do apartamento estava destrancada. Gustavo já havia chegado das aulas dele também.
Assim que entrou na sala para chamar pelo
Namorado, o riso no rosto de Lorena fora se desfazendo ao escutar uma conversa vinda do quarto e respiração ofegante.Ela depositou as chaves sobre o aparador e deixou as sacolas de supermercado no chão. O coração levemente acelerado e os pensamentos disparando tentando não imaginar o pior.
E pela fresta da porta do quarto entreaberta, o os olhos de Lorena viram o suficiente para fazê-la desmoronar. Gustavo estava na cama com outra. Na cama que ela comprara com o próprio dinheiro. Ele estava Divertindo-se.
ESTÁ A LER
Um marido por contrato
RomanceApós comprar o próprio marido, Lorena retorna do Rio de Janeiro para a pequena Jundiaí disposta a provar a todos de seu passado que estavam redondamente enganados. A vingança é um prato que se come frio e Lorena não tem pressa alguma em degustar sua...