Capitulo 14

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O momento mais propício para Bruno colocar seu plano em ação era aquele em que todos se distraíram com suas conversas do cotidiano.

Arrancou de forma acelerada até o quarto de Lorena. Antes de invadir os aposentos, certificou-se de que não o observavam.

— Agora você me paga, esposinha! Vai sentir coceira por séculos.

Bruno estava satisfeito imaginando o incômodo que aquele pó causaria a Lorena. Uma vingança indolor porém eficaz. Ele até mesmo sorria enquanto despejava todo o conteúdo do frasco para o travesseiro e roupa de cama.

Bruno tomou todos os cuidados para não ser visto entrando no quarto de sua esposa, porém a euforia por imaginar Lorena toda se coçando o distraiu enquanto deixava a suíte. De longe, Lúcio o observava por meio de uma fresta da porta entreaberta do banheiro social. O motorista tentou entender o que Bruno queria no quarto de sua patroa, e imaginava que provavelmente coisa boa não era.

— Meu amor, você sumiu! — Serena abraçou Bruno com tamanha intimidade causando estranhamento até mesmo em Bruno.

— Estava resolvendo problemas do escritório. Os clientes não param de ligar.

— Imagino, meu doce. Mas que bom, ao menos deve estar indo bem de clientes.

Bruno tentava encontrar  Lorena no meio de alguma roda de conversa. Assim que ela fosse para o quarto ele a seguiria, uma vez que desejava acompanhar de perto o que aconteceria quando a moça se deitasse na cama.

A encontrou sendo outra vez rodeada por seu amigo Eduardo, que parecia incansável na empreitada de ganhar aposta feita com Luís.

A moça realmente estava aérea ouvindo o que o rapaz dizia, confirmando aquilo de que Eduardo se queixara a Bruno mais cedo.

Ela sorria,  mas via-se que não tinha muita empolgação do que o rapaz dizia ela. E Bruno gostava de ver a indiferença de sua esposa, sem perceber que havia algo de ciúme nisso tudo.

Por um instante deixou se imaginar no lugar de Eduardo e tentou prever se a reação de Lorena seria a mesma. Se quando fosse ele tentando conquista-lá Lorena agiria de forma tão fria quanto como estava sendo com Eduardo.

Sem ter como controlar-se, os olhos de Bruno desceram pelo colo de Lorena, vasculharam o singelo decote, passando em seguida por sua cintura delgada e fizeram um pouso forçado nos pés dela, com as unhas pintadas de um branco claro e cintilante. A imaginação de Bruno não era mais sua, e sim dominada pela lembrança de Lorena acidentalmente nua no corredor. A pele que parecia ser sedosa, o par de seios, as curvas nuas.

Aos poucos e sem se dar conta, o jovem advogado esquecia-se que Lorena era trans e passava a enxerga-la como uma mulher qualquer. Apesar de tentar negar para si mesmo que não era ciúmes o que começava a sentir naquele momento em que Eduardo levou sua mão a cintura de Lorena enquanto dizia algo que ele não era capaz de ouvir.

"Depois de fazer tantas piadas, ainda tem a cara de pau de colocar a mão nela. Nem parece que se importa mais com o fato dela ter sido o que foi um dia. Rum, Eduardo é um imbecil mesmo. Olha o jeito que ele está apertando a cintura dela? Será que Lorena não percebe o que ele está fazendo... não. Pera, será que eu tô com ciúmes dela? ... não, não! De e ser ao dor de cotovelo e medo de perder a aposta. Você é um grande homem, Bruno. Relaxa?" Pensava O rapaz de modo acelerado com Os olhos fixos em sua esposa.

— Bruno— Serena chamava o amigo pela terceira vez seguida, pois ele estava muito distraído.

— Oi, oi... — Assustou-se o rapaz — está bem serena? Parece pálida! — A observação de Bruno era pertinente.

Serena sentia um mal estar, misto de tonteira com sensação de desmaio.

— Não muito, Bruno. Parece que tudo está girando.

— Vem, vamos tentar. Vou pegar um pouco de água pra você e...

Não houve tempo de de acompanhar o rapaz, subitamente serena caiu no chão e todo o seu corpo tremia, os olhos se reviravam.

— Ajuda! Ajuda! — Gritava Bruno desesperado — serena, acorde! Serena!

Com os gritos do jovem, os convidados correram para o interior da casa verificar o que acontecia. Encontraram Bruno agachado diante da moça que ainda se debatia incontrolável mente.

— Me deem passagem, por favor! O que está acontecendo! O que houve com ela, Bruno?

Lorena logo juntou-se a Bruno para acudir a moça.

Um marido por contrato Onde as histórias ganham vida. Descobre agora